UM GIGANTE SUB-30
EGG - on the road
Quem se cruza com os prestigiosos vinhos do grupo pode pensar estar perante a vinícolas centenárias, mas o Grupo Matarromera ainda é um jovem que não chegou aos 30, pois seu projeto começou oficialmente em 1988.
Porém, mesmo quando a juventude pode gerar inicialmente receio e uma primeira sensação de inexperiência, neste caso é definitivamente tudo o contrário, pois seu fundador Carlos Moro vem de toda uma família de vinhateiros com quase oito seculos de expertise... quase que Carlos se criou numa barrica mas que num berço e tem dedicado a vida toda ao estudo e a criação de vinhos.
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O Grupo Matarromera possui oito vinícolas: Matarromera, Emina Ribera - onde se produz o primeiro vinho do mundo sem álcool e onde está também o interessantíssimo Centro de interpretação Vinícola e Museu do vinho - Emina Rueda, ValdelosFrailes, Cigales, Cyan, Rento e a vinícola Carlos Moro em San Vicente de la Sonsierra, na Rioja Alta, que junto ao restaurante La Espadaña, os azeites extravirgens, os destilados, um Hotel Rural e até a linha de cosméticos Esdor, extraídos dos polifenóis da pele das uvas (com propriedades anti enferrujantes), dão uma dimensão do tamanho do Grupo na atualidade.
moderníssima sala de catas e palestras no Emina Ribera
Nos visitamos só a vinícola Matarromera, com uma cata de trés vinhos de alta gama e conhecemos brevemente o Centro de interpretação Vinícola, ademas de desfrutar dum ligeiro almoço no restaurante, muito bem recebidos e acompanhados por Teresa Muñoz Velasco, do departamento de Comunicação do grupo.
A visita a vinícola é realmente interessante, se iniciando externamente nos cultivos para entender o terroir tão particular da Ribera del Duero, com um clima de grande amplitude térmica no mesmo dia, de contrastes, com verões secos e super quentes, invernos bem frios e pocas chuvas, num solo com sedimentos terciários e quaternários, argiloso, arenoso e calcário, numa altura media sobre o nível do mar de 700 mts.
Nós fomos no começo de Maio e as vides estão só começando seu processo natural de floração.
Safra esta a de 2017 que precisará de muito cuidado e a expertise dos enólogos de cada uma das vinícolas, pois a um abril quase sem chuva seguiu uma gelada forte e inesperada.
Posteriormente, percorremos as modernas instalações de Matarromera com uma clássica explicação da produção dos vinhos, desde o momento que a uva chega após ser colhida até sair ao mercado, após fermentações, guardas em barricas e estibas em garrafas.
Na nossa visita, catamos o surpreendente Matarromera branco 25º aniversario D.O. Rueda 2015, 100% verdejo fermentado em barrica.
Super aromático e convidativo em nariz, invadido por frutos tropicais e abacaxi, algo floral, super sedutor.
Em boca se equilibra, se mostra elegante, de passo fino, fresco mas não perde essa intensidade que presumia em nariz...final de persistência médio alta.
Gostei muito ao ponto de compra-lo para bebe-lo em casa gole a gole para uma opinião mais definitiva.
Aberto ontem, dia de encerramento da matéria, confirmou todas as gratíssimas sensações do primeiro encontro: show!
Altamente recomendável, vale cada um dos 25 Euros que custa ele lã.
2015 foi uma safra muito boa no geral para a Ribera del Duero, de rendimentos menores mas duma qualidade maior nas uvas...safra para ser considerada também na compra de tintos.
Dos tintos apresentados, o primeiro foi o Matarromera Reserva 2012, um tinto cultivado a uns 800 metros de altitude em fincas do grupo localizadas em Olivares del Duero a poucos quilômetros da vinícola, no coração da Ribera.
Passa 18 messes em barrica de carvalho mais 24 em garrafa antes de este 100% tempranillo sair ao mercado,
Visualmente se apresenta vermelho amorado com uma primeira nariz intensa e complexa.
Uma segunda já amostra frutas vermelhas (morango) e pretas (amora) e as notas próprias do seu passo por barricas: baunilha, café.
Em boca é carnudo e de bom corpo, voluptuoso, algo licoroso, com taninos amáveis.
Final persistente, bom exemplar na faixa dos 30/35 Euros lã.
O segundo e ultimo tinto foi o Matarromera Prestigio 2013, pertencentes a vinhas velhas da finca Pago de Solanas do Grupo que saiu ao mercado agora a pouco, e que só sai naqueles anos onde o enólogo determina que a qualidade das uvas o amerita.
Uma nariz estupenda, aromática, que entrega essências bem concentradas, bem especiado.
Em boca algo crudo ainda, quem comprar e puder esperar apreciara a diferencia.
Sensação de estar em presencia dum vinho que sera grande com a sua natural evolução (por ter alta capacidade de guarda), do que um grande vinho agora, para ser bebido já.
Eu tenho um Prestigio 2011 comprado no 2015 e que ainda não abri, sinto que a espera valera a pena.
Em definitiva uma didática visita e uma cata premium de trés grandes vinhos, alguns prontos para beber e outros que ainda não chegaram ao seu topo de evolução.
Para aqueles que tem pensado visitar a região de Ribera del Duero aconselho não menos de trés dias, preferentemente entre quatro e cinco, pois o tempo parece correr bem devagar nas vinícolas, sem presas...e não adianta tampouco não curtir o momento correndo duma pra outra.
Pesquise, cheque, surfe para escolher as vinícolas e os pacotes que mais se adaptam as seus reais interesses.
O Grupo Matarromera possui varias vinícolas e inúmeras opções aqui na região, a info pode ser checada no:
http://grupomatarromera.com/enoturismo/ e no https://www.wanatur.com/
Apos a visita fomos convidados ao restaurante do grupo:
Restaurante La Espadaña
É o restaurante da vinícola Emina pertencente ao grupo, um oásis no meio de vinhedos e vinícolas. Janelões envidraçados são destaque e integram a beleza rural da região com a boa cozinha castellana.
O dia da nossa visita nos foi apresentado um almoço leve, mas a especialidade deles são o "lechazo" (o leitão) D.O.P Segovia e o cordeiro.
Nos começamos com um salmorejo, bem tipico e clássico no sul do pais, na região de Andalucia, aqui na versão de Castilla y Leon: fresco, ideal para o verão desta região que acostuma ser bem quente, e na sequencia uma sopa.
O filé de peixe estava levinho, fritado num bom azeite e acompanhado de salada, sem mistérios.
Acompanhamos o almoço, sem seguir muito as harmonizações padrão, com um Carlos Moro, um Riojano 2015, que ainda não tinha saído ao mercado, de fato a apresentação dele era na mesma semana da nossa visita em Madri, no Museu del Prado.
Intenso, com caráter, redondinho em boca, com crianza de 12 messes em barrica.
Um bom riojano, região que desde o 2014 é o novo nicho do Grupo Matarromera procurando ser mais um player na muito competitiva e centenária D.O.P Rioja.
Voltando a comida, destaque para a sobremesa, dividimos um lingote de chocolate intenso, bem cremoso, dando uma doçura que o meu palato precisava apos sucessivas catas.
Escassez de tempo planejado, e uma agenda nutrida para apresenta-lês um leque maior de opções da Ribera a vocês nos impediu de conhecer as outras vinícolas do grupo na região, ou ter incluso dedicado um tempo maior ao Museu do vinho, mas agradecemos e muito ao grupo, excelentemente representados porTeresa Muñoz Velasco, pelos mimos constantes durante a nossa breve visita, mas principalmente pela facilidade comunicacional, o feedback desde o primeiro dia que começamos a planejar o desembarco na Ribera del Duero.
Gracias Matarromera!
Bodega Matarromera
Ctra. Renedo - Pesquera km 30, 47359 Valbuena de Duero, Valladolid
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