sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

CHATEAU PALMER



 Oh là là ! 




Outro chateau que eu tinha especial interesse em conhecer e ao qual também fomos convidados pela muito atenciosa Celine Carrion.
Localizado no rural povoado de Margaux e na ruta dos chateaux, a D2, o Palmer esta do lado do Gironda e vizinho de outros chateaux famosos, o Margaux e o d´issan entre outros..
Um chateau surpreendente em todos os sentidos, não só pelos seus excelentes vinhos.

As suas instalações o assemelham mais a uma vila, a uma aldeia, a uma comunidade do que a um Chateau clássico, só com um castelo imponente.




Essa aldeia funcionou na  antiguidade, onde cada uma das charmosas casas estavam ocupadas pelos diferentes elos da corrente de produção dos vinhos; mesmo hoje estando só algumas delas ocupadas, se percebe o espirito de como isso funcionou plenamente no passado.

















Fomos super bem recepcionados por Sylvain Ménard, que falando um muito bom espanhol nos mostrou e explicou as caraterísticas do terroir, as diversas instalações e cada um dos passos para o vinho ser finalmente estacionado.
























A didática e educativa visita de quase duas horas  acabou claro, com uma degustação dos vinhos que aqui se produzem. 



  CHATEAU PALMER 2012 - MEDOC  
Um blend extraordinário 


Blend de Merlot e Cabernet Sauvignon com um leve toque de Peit Verdot, este Chateau Palmer 3me Cru Classé 2012 mesmo jovem e sendo um vinho que eu preferiria abri lo daqui a 10 anos, já mostrou o poder de evolução que tem pela frente. 
A safra 2012 foi de contrastes e de extremo cuidado. mas o esforço veio bem recompensado no produto final, um vinho notável!.
Este Palmer é um vinho elegante, elegantíssimo...estava um pouco "duro" e talvez não permita a quem o abra agora desfrutar do ápice ao que este grande blend pode chegar. 
Charme e estilo o definiriam perfeitamente.
Uma nariz ainda fechada, discreta mas que soltou fruta preta, chá preto, ameixa
Em boca se mostra suculento,  poderoso, redondo... especiado, de muito bom corpo e taninos firmes mais amáveis. 
Nítida presença de fruta preta e pouca da madeira de primeiro uso onde o 70% do vinho dormiu de 18 a 20 messes, dando corpo mas sem virar protagonista.  
Um vinho perfeitamente equilibrado e com um final persistente, muito persistente, algo herbáceo.
Mal posso esperar para bebe lo daqui a 5/6 anos e confirmar o potencial que este vinho tem...irei juntando as moedinhas, pois é um vinho na faixa dos 350 Euros na França.

ALTER EGO 2012 - MEDOC



As dificuldades da safra, explicadas no vinho anterior, fizeram sofrer a uva, mas o resultado foi especial, uma safra extraordinária.
Este é supostamente o segundo vinho do chateau, mas numa cata a cegas passaria como um Grand Cru de qualquer Chateau, surpreendente e a um preço interessantíssimo, na faixa dos 40/60 Euros
O blend desta safra foi Merlot 51%, C.Sauvignon 40% e 9% Petit Verdot.
Rustico ainda, precisará evoluir em garrafa os próximos 5 anos, mas apresenta já toques defumados em nariz, frutas vermelhas; nariz algo floral que imagino explodira em violetas em 4/5 anos e com ´45  a garrafa aberta.
Em boca tem a textura dum primeiro vinho; suculento, taninos finos, fresco, boa fruta e uma persistência inusual para um segundo vinho.
30% deste Alter Ego passou por madeira francesa por 16 a 18 messes e deixou como resultado um vinho de bom corpo, equilibrado e com alto poder de evolução.






Agradecemos profundamente a receptividade do Chateau, a comunicação antes da chegada e todas as atenções recebidas no dia da visita e o tempo dedicado...não será a ultima!
Merci pour tout Sylvain et Celine!
Merci poir tout Palmer!!

segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

VIEUX CHATEAU CERTAN



A PEROLA DE POMEROL 


Outro grande momento vivido nesta percorrida pelos grandes Chateaux de Bordeaux, do Medoc e Pomerol.                                                                                                                                                  
Agendamos esta visita com a atenciosa Odile Verley com muita antecedência  para visitar  a um dos Chateau mais prestigiosos de Pomerol  e fomos gratamente surpreendidos pois o nosso anfitrião foi o próprio Alexandre Thienport, talentosíssimo winemaker e proprietário do Chateau.
Alexandre é neto do Georges Thienport, que a mais dum seculo comprou estas terras.

O Chateau possui 14 hectare localizadas bem no meio da planície de Pomerol, mundialmente famosa por seus Grand Cru; estão plantadas maioritariamente com Merlot (60%), Cabernet Franc (30%), e Cabernet Sauvignon o 10 % restante.

Para entender o patamar onde ele se encontra,  é preciso sublinear que é considerado um Premier Cru nas listas no oficiais, dividindo esse privilegio com só outros oito Chateaux.


Alexandre praticamente nos deu uma aula privada de vinhos e principalmente de terroirs. um verdadeiro aprendizado que não esperávamos ter dum mestre deste naipe. 
O cara é fera e tomou parte do seu valiosíssimo tempo para nos recebermos e explicarmos também cada um dos passos para la realização dos seus vinhos.



















Alem da extensa explicação fomos convidados para percorrer as diversas áreas do Chateau, sofisticado, charmoso mas sem perder esse ar rural da região.

Pomerol, de fama mundial pelo seus vinhos, não deixa de ser um povoadorzinho pequeno, com uma igreja e uma praça central, pouco turístico em si próprio.

Aqui não tem glamour, não tem luxo... o que interessa de Pomerol é onde está geograficamente situado e seu terroir, tão abençoado que permite tirar dele vinhos extraordinários.


Após o passeio pelas instalações, Alexandre abriu seus vinhos e também amostras da safra 2012.





















VIEUX CHATEAU CERTAN
 GRAND VIN - POMEROL 2006 -


Este Vieux Chateau Certan 2006 é um blend irresistível!.
Maioritariamente Merlot (tipico desta região) com 83 % e Cabernet Franc 17% este vinho 
entrega uma maciez em boca viciante, com final persistente e refinado.
Reafirmo a ideia que este tipo de vinhos, tão elegantes e complexos, são para serem comprados, guardados com muito cuidado e abri-los no momento justo; vinho profundo, para degustar a garrafa inteira e ir descobrindo a evolução dele taça a taça.
Passa guloso mas elegantíssimo por boca..vinho complexo do qual posso imaginar o potencial, o desenvolvimento dele com o passo do tempo após uma bela guarda e uma correta oxigenação uma vez aberto.




Em nariz é rico em aromas, toques florais, frutos vermelhos e pretos, e algo de cafe.
Este vinho é um exemplar magnifico do que esta região tem para oferecer, e do que este Chateau em particular tem para surpreender. Vinhaço com todas as letras, mas um gusto não barato...a piada sai lá na faixa dos 150/180 Euros.





                                                    

VIEUX CHATEAU CERTAN
GRAND VIN -  POMEROL  2012-

Experimentamos também a safra 2012, quase que recém saída do forno....estava duro ainda o vinho e demorou um pouco em começar a mostrar seu  potencial, ate porque precisa dum envelhecimento em madeira que ainda não completou, mas já da para perceber muitas sensações e projetar outras.
E um blend diferente, como a cada safra, pois depende de como as uvas plantadas evoluirão para escolher as porcentagens justas que o winemaker considera apropriadas para que o vinho mostre tudo o que esta terra tem de excepcional.
Neste caso a proporção foi Merlot 87% - Cabernet Franc 12% e Cab. Sauvignon 1%.
Um vinho elegante, fresco, se apresenta em nariz com toques florais (violetas) e marcantes frutas vermelhas (cerejas, framboesas); em boca, mesmo estando um pouco duro no teste, se o projeta distinguido, algo terroso; final persistente e perfumado que permite sonhar com o patamar que este vinho atingira com 4 ou 5 anos de boa guarda.
Outra grande safra, para comprar, guardar e abrir no 2020.





Foi um final de éctase para uma manhã inesquecível, imensamente honrados de ter sido recebidos pelo winemaker e proprietário do Chateau, 

MERCI ALEXANDRE!!



















quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

CHATEAUX FRANCESES - PONTET-CANET



 O SEGREDO MELHOR GUARDADO DE  PAUILLAC 



Situado no sul oeste da França, esta região é, junto com a Borgonha (e o centro sul do pais, com Pomerol como o terroir mais distinguido), a mais famosa do pais pela produção de tintos, uma meca para todo enófilo.
A região do sul oeste compreende o Bordeaux como o eixo e capital da região, e inclui ao Médoc, o Haut- Médoc, Pauillac. Margaux, Saint Estephe, Saint Julien, Pessac, Barsac e Sauternes, famosa por seus brancos doces..
A quantidade de Chateaux espalhados pela área é enorme e é aqui onde se encontram alguns dos mais renomeados produtores de vinho do mundo, logicamente um lugar que queria especialmente visitar.

Tivemos a honra de sermos convidados a algum deles para conhecer as instalações, observar as áreas de cultivo, dimensionar o terroir e claro, degustar parte da produção.


Assim que deixamos a capital da região Bordeaux, uma cidadezinha com ares de interior, a areá vira rural, quem pensa em visitar esta parte da França e espera glamour e sofisticação em cada canto talvez se desiluda.



Nesta região se respira vinho em cada canto, a vida gira em torno a esta industria; a paisagem rural por momentos contrasta com Chateuax imponentes que se divisam ao longo da pequena estrada.
Localizados dentro do departamento da Gironde e encostados no maior estuário da Europa estão Saint Julien, Saint Estephe e Pauillac...ate lá fomos  para ver de perto a varios Chateaux de classe internacional, entre eles o Pontet Canet.



 CHATEAU PONTET CANET 





Classificado como "Cinquiêmes Crus" pelo "Conseil des Grand Crus Classes em 1885", classificação esta que foi criada nesse ano para apresentar os mais famosos vinhos de Bordeaux e foi feita pela "Bordeaux Trade Brokers", responsabilidade dada pela Câmara de Comercio de Bordeaux.

Este Chateaux esta localizado em Pauillac, um povoado sem tanto encanto assim...mas a graça aqui não esta nos povoados, esta nos Chateaux e a qualidade dos vinhos que conseguem produzir.

A visita a este em particular tinha seus motivos, não só por ser uma vinícola consagrada e onde vários do seus vinhos conquistaram os prezados 100 pontos Parker, mas porque continuam fazendo seus vinhos como antigamente, sem agrotóxicos, usando maiormente cavalo e não trator, e pretendendo no curto prazo fazer tudo com cavalos, tentando interferir o menos possível para conseguir a excelência no produto final. 

Este Chateaux de 120 hectare e com vinhedos de mais de 40 anos em media produz o Hauts de Pontet-Canet e a sua grande estrela, o Pontet -Canet.


Gentilmente convidados por Daniel Ruitenberg e Violaine Figon do serviço de visitas para uma privativa, percorremos todas as instalações do Chateuax, vimos os cultivos, observamos o seu particular terroir, e conseguimos entender e sentir a paixão deles pelo que fazem num extenso e educativo passeio. 

















Também aproveitamos claro, para percorrer cada um dos cantos deste Chateaux, explorando as cavas onde os tesouros de velhas safras são guardadas e os lindos jardins que o circundam.




CHATEAUX PONTET - CANET 2007  - PAUILLAC 


 

 O vinho da viagem! , aquele que voo realmente a minha cabeça; com ele tive sensações diferentes, novas, um vinho que ficou e fica gravado na minha memoria.
Com 16 messes barricado este blend é maioritariamente Cabernet (75%) e Merlot (20%), mais o aporte leve do Cabernet Franc e o Petit Verdot
Em nariz é explosivo, intenso, aromas a frutos vermelhos e pretos; mineral.
Em boca é elegante, fino, de bom corpo, taninos firmes com um final persistente, delicioso e fresco. 
A garrafa já aberta ajudou e muito nessas sensações inicias, mesmo numa safra de condições climáticas difíceis.




As safras mais consagradas, as 2009 e 2010 com 100 pontos Parker estavam na faixa dos 200 Euros a garrafa; esta 2007 e outras também eram vendidas no próprio Chateaux, com preços na media de 90 Euros...ate hoje me arrependo não te las comprado, mas era o inicio da viagem e a complicação de ter que carrega-las a viagem toda (35 dias) me fez desistir da ideia.




HAUTS DE PONTET-CANET 2011 PAUILLAC

Blend com Cabernet sauvignon como uva predominante, este Hauts aporta uma nariz bem expressiva, frutos pretos  e toques minerais atacam diretamente seduzindo, pedindo boca.
Taninos suaves, aveludados... vinho bem estruturado que passa ágil pelo palato e com final cumprido e persistente.



Passamos uma manha verdadeiramente inesquecível, maravilhados com o lugar, com o atendimento e principalmente com os vinhos.
Voltaremos em um par de anos, já numa final de viagem, para carregar umas quantas garrafas para bebe-las pausadas e sem presa, aqui em casa.

Merci pour tout Pontet!!





sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

MALBECS ARGENTINOS MEIA / MEIA -ALTA GAMA

3 Malbecs 

Comparei estes 3 vinhos que estão na mesma faixa de preços na Argentina (não necessariamente aqui), e que foram os que trouxe da ultima viagem. 




Foram bebidos na mesma semana, para não perder perspectiva nem sensações.


1° LUGAR:  COLOME ESTATE 2011 - VINICOLA COLOME


Gosto muito da Adega, e acho já os de preços menores excelentes.
Ja escrevi sobre o Amalaya e o Amalaya Gran Corte, dos saborosos e grandes vinhos na sua faixa de preços.

Este Colomé, que NÃO é um 100 % Malbec ( um 15 % do total o conformam Cab.Sauvignon, Tannat, Syrah e Petit Verdot) é um vinho diferente por vários fatores: 
é saltenho e não mendocino (acho em geral os saltenhos mais selvagens, mais intensos) é um vinho de altura, de uvas cultivadas a 3000 m, e até a cor é diferente, dum graná escuro.
Em nariz se apreciam tons especiados, frutos pretos maduros e vermelhos (geleia).
No palato é suculento, final persistente e elegante...os 15 messes de barrica francesa de 1° uso se sentem dando estrutura ao vinho.




2°  LUGAR: BRAMARE  VALLE DE UCO 
- VINICOLA VIÑA COBOS 2011



Um muito bom produto duma adega que possui, na faixa ultra premium, vinhos para se beberem ajoelhados.
Este Bramare com 18 messes barricado se apresenta dum vermelho intenso, com toques roxos.
Em nariz notas florais e frutos tanto vermelhos (cereja) quanto pretos antecedem uma boca voluptuosa, com taninos doces.
É bem concentrado, untuoso e os 15,4% se sentem sim. final persistente.  Um segundo lugar simbólico  mão a mão com o Colome.






3 LUGAR: FLECHA DE LOS ANDES GRAN MALBEC




Achei ele o mais rustico dos tres analizados.

É o mais francês dos três vinhos, e uma das adegas mais novas, pois nasceu duma parceria entre o BARON DE ROSTCHILID e Laurent Dassault, os quais descobriram um terroir ao pé da Cordillera.
Ela foi construída em 2003 e a primeira safra foi a de 2004.
Na teoria deveria reunir o conhecimento dos  gurus mencionados e a expertise do Chateau Clarke e Chateau Dassault, os sócios bordaleses... por isso talvez as minhas expetativas eram exageradas, mas esperava um pouco mais deste vinho.
Porém, a comparação não é estritamente justa: este é um vinho um 20% mais em conta que os outros dois e tem menos madeira (dos 12 messes estacionado um 30% das uvas vão para o inox).
É  um bom vinho claro, mais dos três é aquele que eu não repetiria a compra, não me impressionou.