quinta-feira, 21 de agosto de 2014

OS VINHOS DO ERNESTO





Ernesto Catena nasceu num berçário de madeira, numa barrica diria, é o filho maior do grande Nicolás Catena (Catena Zapata Wines), um visionário e o grande responsável pelo posicionamento do vinho argentino no mundo.
Ernesto, no final das contas dele vamos falar, é um Winemaker vanguardista, que mesmo vindo duma família tradicionalíssima em vinhos, criou seu próprio projeto, mais vinculado ao orgânico e ao biodinâmico...uma tendencia em constante crescimento.

Ernesto Catena trabalhou bem de moleque na Catena Zapata, e só tomou o mando do Escorihuela Gascón bem depois, na volta do seus estudos na Europa. 
Possui 5 diferentes linhas de vinhos, para atender distintos segmentos do mercado, mas todos seguem uma linha vanguardista já desde o rotulo.
Aqui a maioria deles são importados pela Mistral.



A linha ANIMAL é aquela dos vinhos orgânicos, vindo de vinhedos certificados como tais.Possuem um estagio em barrica francesa de minimo 8 messes e geralmente 10..


Desta linha, só experimentei o Malbec e o Chardonnay (ele produz também Pinot e Cabernet)


A safra 2008, que bebi ha 5 anos tinha me causado uma grata impressão, pelo que decidi experimentar a nova safra que estava no mercado, a 2012.
Intenso e tentador em nariz, soltando aromas a frutos vermelhos (cereja, ameixa) e figos...algo especiado.
Em boca é agradável, bem frutado, expressivo, equilibrado com final de persistência media .
Gostei bastante, porem sem pirar por ele...na faixa dos 25/30 reais em Buenos Aires se souber trocar bem seu dinheiro. um malbec levemente diferente, com bom RPQ, para surpreender num churrasco.

O Animal Chardonnay 2010, no mesmo valor é duma nariz frutada, bem cítrica. 
Em boca é untuoso e suave, com final persistente.
Uma boa opção entre varias nesse segmento de preço em Argentina..para ser bebido agora.


Da linha PADRILLOS, uma linha jovem, só experimentei o Pinot Noir.
Este pinot particularmente passa 10 a 12 messes barricado.a diferencia do Malbec (só 9).
Eu não são fá do Pinot, talvez seja a uva que menos me chame a atenção; neste caso este pinot 2010 se apresentou com uma cor bem leve (tipica da uva), mesmo barricada.
Em nariz o pinot não acostuma te seduzir logo de cara, fruta em pequena dose, algo herbáceo.
Em boca o Padrillos melhora e bastante...é fresco, com final não muito persistente mas com um aftertaste interessante, que lembra a pimenta do reino.
Aparentemente a Mistral vai discontinuar a sua importação desta linha.




Linha Siesta en el Tahuantinsuyu






Siesta Malbec 2008

Um Malbec de respeito
Com maior potencial de guarda do que as outas dos linhas.demora em se abrir, pelo que se sugere deixá-lo respirar por pelo menos 45 min antes de ser servido;  
Malbec redondo, com fruta na medida certa, equilibradíssimo, taninos médios e um final de boca elegante e persistente.
Não é um vinho barato no mercado argentino, na faixa dos 40 reais trocando bem seus reais.RPQ bom
Dica: alem da garrafa tradiça de 750, eles possuem também praticas garrafinhas de 500 ml (foto).
Mistral o vende aqui na faixa dos 100 contos.





ALMA NEGRA 2010 



É  a obsessão do Ernesto...brinca com o mistério não informando as uvas nem as quantidades utilizadas, deixando-as liberadas pra a imaginação do comprador.
Mesmo sem mudar o nome safra a safra nunca é o mesmo vinho, ate porque as uvas não vem duma unica vinha e as porcentagens do blend varia conforme o "capricho" de Ernesto.
Este Alma Negra que comprei resultou  elegante, complexo, equilibrado.
Não se abriu tão rápido assim em nariz, escondendo seu potencial e só soltando aromas a frutos pretos...em boca é especiado, adocicado, envolvente...com final persistente.
Vinho intrigante, na faixa dos 40 reais em Argentina. e de interessantíssimos  85 aqui




Linha TIKAL
Vinhos encorpados barricados 12 messes o mais.
Experimentei o PATRIOTA (nesta linha esta também o Jubilo e o Amorio)


Ernesto, portador dum dos maiores sobrenomes na industria, esta na procura de deixar seu próprio legado.
Não foge do Malbec, mas aspira a deixar a sua marca com uvas menos tradicionais na Argentina, o pinot e principalmente o Bonarda.


Este Tikal é um corte de Bonarda 60% e Malbec 40%, e eu adoro a combinação dessas duas uvas.
Bem aromático em nariz (café, cereja preta) em boa é suculento, equilibradíssimo, saboroso, especiado com certa complexidade e final persistente...Na faixa dos 50 contos na Argentina, a Mistral o importa aqui e a um bom preço, 90 reais.






















quinta-feira, 14 de agosto de 2014

5 VINHOS TINTOS - BEST BUYS

5 BEST  BUYS
Vinhos de até 55 reais


1. VINA AMALIA RESERVA MALBEC 2011


Das melhores opções nesta faixa de preços NO MERCADO.
Já o Winemaker oferece o primeiro carimbo de confiança: Carlos Basso; este cara, que manja e muito de vinhos,  vendeu a vinícola Santa Ana ao gigante Penaflor para desenvolver este projeto mais artesanal, mais cuidado.
O resultado entre outros produtos é este agradabilíssimo Malbec Reserva 2011, onde a metade do vinho passa 12 messes barricado.
Vinho especiado em nariz, algum toque floral, algo herbáceo...concentração de frutos vermelhos e pretos desperta a primeira curiosidade.
Em boca é frutado com estrutura, suculento, taninos firmes; Surpreende o final persistente num vinho desta faixa de preços.



Wine.com.br oferecia ele a interessantíssimos 39 reais em Julho, agora já esta em 45...mesmo assim continua com um RPQ MB





2. TILIA MALBEC SYRAH 2012





Este Tilia, de adegas Esmeralda, que passa 9 messes em barricas de carvalho tem tudo para agradar a todos os paladares: tem madeira mas não é pesado,  tem fruta mas na medida certa, o Syrah, que aporta um 40% "tranquiliza" ao Malbec, o contem, equilibrando o produto final num vinho macio e fácil de beber com um final em boca persistente e a um preço convidativo.

Da Vinci, o filhote da Mistral, importa ele e vende por 40 reais, na loja da rua Pamplona, Jardins


Não espere um vinho super estruturado, mas é um vinho de RPQ  MB



3. TILIA MALBEC 2012  

2012 Tilia Malbec Mendoza


O Malbec puro deles (no mesmo valor) também é bom, muito bom de fato... um Malbec menos denso, mais saboroso, fresco, com final persistente, um achado nessa faixa de preços RPQ MB+






  4.  CASAS DEL TOQUI  SINGLE ESTATE 2013


Desta linha Single Estate o Cabernet Sauvignon é uma boa alternativa (o Carmenere nem tanto).
Sem passo por madeira este vinho chileno, embora simples, entrega o que promete por interessantíssimos 26 reais: frutos vermelhos, leves toques especiados e super fácil de beber, taninos suaves e um final de persistência media.
Simpático, para ter na adega e matar numa janta familiar sem tantas pretensões.
Leve demais talvez  para um churrasco com enófilos, mas  tampouco desentona, e pode ser até  uma melhor opção do que aqueles mais encorpados para uma linguicinha mais apimentada, refrescando o palato.

Vi ele nesse valor em Beale bebidas, na Alameda Jaú, em Jardins.

Na minha opinião vai sem pestanejar naqueles primeiros três que falei...este é uma opção  NA SUA FAIXA DE PREÇOS, menos de 30 reais





5. AMALAYA 2011/2012





As duas safras estão muito boas.
Tinto saltenho e não mendocino...outra das joias da família Hess, donos da Vinícola  Colome também.
É  o vinho de entrada da viícola, mas se comporta como um de gama média.
Tinto com predominância do Malbec, mas com pequenos aportes do Cabernet Sauvignon, Syrah e Tannat.
A 2011 talvez seja um pouco mais "selvagem", mais potente...a 2012 entregou um vinho um toque mais elegante.
Os dois com final persistente


Importado pela Decanter a interessantes 55 reais































quarta-feira, 13 de agosto de 2014

PECORINO BAR E TRATTORIA

CRISE DE IDENTIDADE



Custa descifrar o que Pecorino se propõe no mundo gastronômico 
Não é a tipica cantina italiana familiar onde a porção é farta e serve 3 ou 4 pessoas e também não é o ristorantino de bairro, aquele que é geralmente escolhido pela proximidade, porque te tira dum apuro, ou mata uma preguiça de cozinhar.
Quem os escolhe sabe que não pode pretender alta cozinha, texturas e sabores em cada garfada...se prioriza a abundancia,o bolso em definitiva.

Pecorino não pertence a aquele segmento, mas esta e bem longe de ser um ristorante italiano onde vivenciar uma experiencia culinária.
Acaba flutuando no meio,sem te dar uma verdadeira razão para voltar, com uma cozinha correta, mas sem emoção, onde a criatividade se encontra mais no menu que no prato. Um menu bem descritivo, que desperta curiosidade, que cria expetativas mas que não se cumprem assim que os pratos chegam a mesa

Não fotografei o salão, com um setor aconchegante no fundo ( onde arbitrariamente não fomos colocados nem perguntados), um meio salão/corredor onde esta o mostrador (aquele tipico de antigas mercearias, em inox e a luz branca que tira qualquer magica ao lugar) e o salão envidraçado da entrada, com luzes penduradas tipo Bixiga, onde também esta a porta de saída da cozinha, com ajudantes que entram e saem para enviar um torpedo o fumar um cigarro...a primeira impressão não foi a melhor.

Para completar essa sensação inicial o maitre não deixa você se sentar sequer que já te pergunta se quer olhar a carta de vinhos.
Reconheço que ultimamente estou exigente demais, mas um jantar é uma experiencia, que tem seus tempos, seus momentos, e o preço do Pecorino não é do primeiro segmento comentado no inicio da matéria.


Falando de comida propriamente,  o couvert (9,50 cada) foi colocado na mesa sem sermos consultados, bom pão italiano quentinho e fraco acompanhamento: uma caponata escasa e fraca, um pate de sardela rustico ainda, como se precisasse dum ingrediente mais untuoso ainda para virar pate e um pate de queijo facilmente esquecível


Não fotografei uma burrata (38 reais!), acompanhada com um pesto e 5 tomatinhos cereja cortados ao meio..nesse valor cabiam uma boa rúcula puxada no azeite extravirgem e uma fatia generosa de presunto crú, que tivessem dado color e sabor ao prato, misturando a moleza da burrata com a textura do presunto.

Esta aqui é a burrata do 68 La Pizzaria...só pra comparar (a materia completa sobre 68 aqui: http://enogastrogringo.blogspot.com.br/2013/11/68-la-pizzeria.html )

  


Nos principais, eramos três, eu fui no risoto com ragu de ossobuco (45reais), salgado demais, mas o imaginava com todo o ragu no meio do prato, dando um destaque visual. 
O maitre ofereceu trocar o prato, é verdade, mas preferi ficar com ele do que esperar os tempos dum novo.



Meu irmão acertou em cheio com este delicioso risoto al mare (R$54), boa apresentação, boa textura, boa quantidade de frutos do mar, saboroso, foi a grande pedida da noite



A pior, de longe, foi o penne "alla diavola" (criativo o nome nê?) que ilustra o inicio da matéria (R$41).
Desperta vontades quando você o lê do cardápio, ao molho de tomates com liguiça calabresa, berinjela e queijo pecorino.
O resultado foi  fraquíssimo, com esses ingredientes que davam água na boca  se criou um prato sem amor na preparação, sem sabor, sem nada...foi a pedida da minha esposa se baseando na minha sugestão...ate hoje ela esta me cobrando por isso.

Um tiramisu (R$13)sem magica completou uma noite sem graça.


São Paulo possui uma ampla e variada gastronomia, oferece um farto leque de opções na hora de escolher onde "investir" 100 contos por cabeça (o preço que tivéssemos pago sem o desconto Grubster) para ter uma experiencia gastronômica...Pecorino precisa não só melhorar muito para pertencer a esse leque, mas também se definir, saber o que quer representar para o consumidor.

Do jeito que se apresenta agora não da para sugeri lo como opção, infelizmente.



Pecorino Bar e Trattoria
Joaquim Eugênio de Lima 1706, Jardins

domingo, 10 de agosto de 2014

AVILA

PROMO GROUPON - O VELHO TRUQUE DO FORNECEDOR


Cada vez fica mais claro que como o decorrer do tempo as promoções com cupões não dão certo.

Em muitos casos significa uma tentativa desesperada de restaurantes que não estão funcionando bem, que não faturam o que esperavam, e que em vez de pensar em soluções (como estas promos por exemplo) para atrair e reconquistar clientes, em definitiva pensando como verdadeiros restaurateurs, escolhem a equação mais simples: fazer caixa nas costas dos coitados que nos empolgamos baseados  numa propaganda enganosa.

O resultado final geralmente não é bom: muitos acabam fechando as suas portas aos poucos messes após da promoção (Porto, Domenicos são os primeiros que vem na minha mente).


Uma das opções como entrada era a provoleta ( queijo provolone derretido na brasa).
CURIOSAMENTE, por problemas com o fornecedor NÃO ESTAVA DISPONÍVEL.
Daí em diante deu tudo errado: a outra entrada eram empadas e inicialmente não tinham de carne...tive que lutar para recebe las
Para completar e fazer bingo foram aquecidas num microondas, um sacrilégio!




Tentei explicar em vão que o Olho de Bife que a promoção fazia referencia  NÃO era este corte de carne que se vê na foto, um correto Bife de Chorizo.
O olho de Bife é outro corte, mais largo e não tão alto, geralmente com um "olho" de gordura quase central.



Sobremesa para sair do passo, menu em definitiva para faturar e não fidelizar clientes.
Tinha ido algumas vezes no Avila e a comida era boa...este menu não faz mais do que afastar e definitivamente aqueles clientes que tinham tomado alguma distancia do restuarante por considera lo caro ou por melhores opções.
Assim não se reconquista ninguém



Avila Steakhouse
Bandeira Paulista 520, Itaim

terça-feira, 5 de agosto de 2014

LA MAR CEBICHERIA

REFERÊNCIA EM COMIDA PERUANA EM SÃO PAULO


Tenho essa relação de amor e ódio com o La Mar desde o primeiro dia que o conheci.
O lugar e a ambientação são super bacanas, agradabilíssimo e no coração de Itaim,  tem o carimbo dum grande restaurateur como Gastón Acurio, o atendimento em todas as vezes que eu fui foi perfeita sempre (os garçons se esmeram em explicar cada prato, os ingredientes usados e a forma de elaboração deles), e a comida é de provocar suspiros em muitos pratos.

O que me incomoda então? O PREÇO.

Fora uma elite que não se incomoda com o preço da conta, ao resto dos mortais nos muda e muito na equação final o valor que pagamos, o que a refeição acaba custando.

Paguei por dois esta ultima vez 225 reais (que viraram 250 com o serviço), levando meu próprio vinho (pois a carta deles é escandalosamente cara), sem sobremesa, sem cafe e dividindo uma entradinha, uma sopa.
Com uma segunda entrada, dividindo uma sobremesa e dois cafés a conta tivesse atingido 330 reais, 110 Euros!

Inicialmente esse valor pago de 250 contos não parece tão assustador assim, até porquê nos estamos mal acostumando aos valores ridículos de São Paulo.
Mas 250 reais são 85 Euros, e por essa grana se janta na maioria dos bistrôs e em alguns restaurantes em Paris, com entrada, principal e sobremesa para cada um, É COM VINHO!

Deixo aqui o link da a minha experiencia gastronômica em Paris o ano passado. só uma vez (e porquê pedi um vinho de 40 Euros) a conta ultrapassou o que eu gastei em La Mar.

http://enogastrogringo.blogspot.com.br/2013/09/paris.html


Deixo claro que La Mar está nos mesmos valores que tantos outros restaurantes na cidade ( incluso bem menos comparando com os exclusivos)a minha critica é geral: ha dois anos o dólar estava 1,55, dava em parte para entender esses preços considerando a supervalorização do Real, mas agora está em 2,30... um 50% acima do valor mencionado;  aí os argumentos perdem a pouca força que já tinham.



A refeição em si própria foi, boa, muito boa, começando pelo delicioso couvert: umas mandioquinhas, batatinhas e bananas fritas bem acompanhadas por 3 molhos de pimentas peruanas...de fato achei o valor do couvert muito justo e tentador a 9 reais. 
Noite de frio em sampa, e aproveitamos para pedir uma entrada diferente dos bons ceviches que acostumamos saborear aqui: fomos nesta espesa sopa (chupe peruano) com frutos do mar, pãezinhos torrados em cubos e ovo poche: gostosa, saborosa, mas cara para um valor de 30 reais que foi cobrado.










Nos principais eu fui e sem erro no pulpo anticuchero, polvo com acabamento em grelha para dar essa crocância final, deixando lo tenro por dentro mas deliciosamente crocante por fora.
O purê de batatas na textura e na temperatura certa aportaram untuosidade ao prato, enquanto as amêndoas laminadas torradas complementaram muito bem.
Tenho pratos que ficam grudados na minha memória, e dificilmente não os peça quando volto aos restaurantes...e este é um deles (o magret de pato do Le Jazz ou o falafel do Arábia  seriam outros bons exemplos).
Sólido, contundente, não defraudou nem um pouco as minhas altas expectativas
Grande pedida e super sugestão pra quem vá lá.


Minha esposa foi no arroz com mariscos: prato bem executado com boa quantidade de mariscos diversos (polvo, lula, peixe, mexilhão e outros) bem misturado com pimentões, cebolas e verduras..
Ela suspirou pelo prato, eu dei umas garfadas e gostei, mas de jeito nenhum trocaria pelo polvo.



Fora o desabafo inicial, que é geral e não particularmente aplicado a este restautrante, devo dizer que La Mar é um bom e fiel representante da comida peruana em São Paulo, comida que vai bem alem dos cebiches.
O La Mar oferece para bolsos mais fracos (como o meu) ou para quem não quer gastar 300 reais numa refeição a dois um excelente menu executivo, a 49 contos, do qual já escrevi a matéria no seguinte link:
http://enogastrogringo.blogspot.com.br/2013/12/la-mar-excelente-menu-executivo-pessima.html


LA MAR CEBICHERIA
rua Tabapuã 1410, Itaim Bibi