terça-feira, 31 de maio de 2016

APRESENTAÇÃO ESTANCIA MENDOZA EM SÃO PAULO


A residencia oficial do Consul Argentino em São Paulo foi o lugar escolhido pela vinícola Estancia Mendoza para fazer a apresentação e o lançamento da sua linha de produtos aqui no Brasil.

O evento, que teve a Presencia do próprio Cônsul General e outras autoridades, contou claro, com os representantes da vinícola, que pertence a maior cooperativa argentina de vinhos, a Fecovita, que ate uma década atras só fazia vinhos de mesa, aqueles em caixa de papelão.

Decidiu abrir o jogo e tentar jogar também em outras ligas, primeiro com a sua linha de varietais,  e depois atacando o mercado com a suas linha roble e posteriormente com o ícone da vinícola que só viu a luz em 2015, tentando se posicionar num segmento de alta gama com um preço médio.

Da linha de vinhos, o Estancia Mendoza Chardonnay 2015 se mostrou sedutor na primeira nariz, e bem frutada na segunda; em boca mostrou frescura e equilíbrio...não pretende ser mais do que é: um chardo sem complexidades e pronto para ser bebido.



O Malbec Roble 2013, com 6 messes de barrica mostrou um vinho brincalhão em nariz e agradável em boca, frutado, taninos amáveis e corpo médio.   






LOS HELECHOS 2012



O ícone da vinícola...é um blend de três fincas no Valle de Uco, El Peral, La Consulta e Gualtallary, terroir este ultimo que hoje esta em boca de todos e de onde estão saindo os melhores vinhos da Argentina.

Blend no total sentido da palavra pois é também um blend de três enólogos diferentes, onde cada um elaborou separadamente um malbec, e que foi "blendeado" para produzir este Los Helechos.

O Resultado de colocar três vinhos diferentes numa mesma garrafa deu um vinho bem identificável com o Valle de Uco.
Os 14 messes de barrica não invadem o vinho, afortunadamente, dão estrutura para que Los Helechos mostre o que tem de melhor, um vinho de terroir com uma boca interessantíssima.; não é um vinho "power", é sutil.
Gualtallary aporta a sua frescura caraterística, La Consulta a textura aveludada e El Peral a explosão de fruta...é um vinho elegante, delicado com muito bom final de boca, amplo e persistente.

A primeira nariz é fechada, mas bebido a garrafa inteira e com a devida oxigenação, a segunda e as seguintes se mostraram mais convidativas.
Vinho para ser bebido a garrafa inteira, pois evolui na hora seguinte a ser aberto.

A apresentação da vinícola concluiu com um show de tango, fechando com chave de ouro a noite.

Estaremos atentos ver quem o comercializara aqui no Brasil e a qual valor, para determinar seu RPQ.



sexta-feira, 27 de maio de 2016

RESTAURANTE ARUME - BARCELONA


  GALÍCIA GOURMET  



O Arume é a nova estrela no pedaço; com um formato e uma ideia muito similar ao Cera 23, de fato são os mesmos donos, este Arume vai se perfilando como outra grande opção em Barcelona, aquelas onde comer cozinha de autor, delicias galegas num restaurante jovem e moderno por um valor convidativo. 

A ideia é a mesma, a localização também, quase que de lado com seu irmão maior Cera, e o atendimento é tão primoroso quanto.

A cozinha produz pratos memoráveis e bons, pelo que, naturalmente por ser um restaurante jovem ainda, esta na procura daquele equilíbrio para que a experiencia culinária do cliente não dependa da escolha.

Entre os pratos memoráveis esta, sem duvida alguma, o imperdível crocante de polvo (foto do capa também); ele chega a mesa levemente fritado, carnudo, suculento com uma deliciosa espuma de batata como acompanhamento.
O equilíbrio perfeito entre maciez, crocancia, tamanho e preço. 


Este polvo galego é coisa seria mesmo, o prato é uma entrada mas tranquilamente poderia ser a estrela do restaurante virando prato principal; a relação preço qualidade por 9,50 Euros é extraordinária, ao ponto que na segunda visita, ao ser descoberto e pedido como entrada, gerou tanto extasies na mesa que fizemos o repeteco imediatamente.


As vieiras são outra grande pedida, duas delas conformam a porção de entrada, a 7,50 Euros.
Embora a porção não seja tão generosa quanto o polvo, elas são saborosíssimas, gorduchas e muito bem acompanhadas pela espuma de lacón.
























Nos principais sobressai a opção de paella de mariscos,com um grande diferencial: finalmente um restaurante onde ela pode ser pedida individualmente!!
Nas "arrocerias" espalhadas pelo pais o prato deve ser dividido e o preço obrigatoriamente é dobrado.
A paella chega com importante camarão GG e 2 G, mexilhões e frutos do mar,Consegui aproveitar uma distração da minha esposa e ataquei os mexilhões, sensacionais, realmente destaque...até poderiam ser uma entrada em si mesmo.
Prato contundente, generoso, saboroso e interessantíssimo a 14,50 Euros;











A carta de vinhos é honesta e muitos bons vinhos podem ser pedidos por taça, como este refrescante e perfumado Godello de Joaquin Rebolledo a 3,50; vinho untuoso e frutado em boca que acompanhou e muito bem tanto o polvo quanto a paella.

O restaurante tem uma onda moderna, eclética, com uma barra na entrada e vários salões que se comunicam por estreitos corredores.










O Cordeiro desossado deixou a sua marca também: excelente, se cortava com um colher, tenro e recheado com amêndoas trituradinhas dando uma textura diferente, brincalhona.
Batatas partidas e juliana de cebola roxa fizeram bom acompanhamento.









A "pluma ibérica" chega no ponto e em porção generosa, mas ficou atras do cordeiro claramente.







O atendimento merece um destaque aparte...sublime!
CARLOS, é tudo o que você gostaria que um gerenciador dum restaurante seja,  atencioso, simpático e com a cancha e a cintura que um estabelecimento gastronômico precisa; seu parceiro RUBEN joga no mesmo time com as mesmas qualidades.
E o outro grande craque é o garçom CARLES, com a paixão e a paciência para explicar o origem de cada prato e a versão moderna própria de cada iguaria no restaurante.
O serviço não é nada em si próprio num restaurante se a comida não esta a altura, em Arume o serviço, exemplar, potencia a sua muito boa cozinha.



Saímos muito satisfeitos nas duas visitas feitas na mesma semana; vale a pena desafiar o desconforto do bairro Raval para desfrutar duma janta feita com ingredientes de qualidade a preços camaradas.






Restaurante Arume, Carrer Botella, 11-13 
Raval, Barcelona


































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quarta-feira, 18 de maio de 2016

RESTAURANTE CERA 23 - BARCELONA

   IMPERDÍVEL  

EGG- on the road

Poucos restaurantes no mundo conseguem me provocar sensações tão prazerosas quanto o Cera 23 em Barcelona.
Não é o ambiente o que mais me seduz e muito menos o bairro onde ele se encontra, mas é precisamente isso o que chamou a minha atenção a primeira vez que o visitei, pois acostumo desconfiar dos restaurantes de arquiteturas sofisticadas estabelecidos em polos gastronômicos e bairros badalados.
Este Cera 23 de capitais galegos, caras que tem varias ofertas culinárias espalhadas pela cidade, é exatamente o oposto; Eles preferiram se situar num bairro de difícil aceso como El Raval, num espaço sem tanta pompa e investir nos produtos principais, a cozinha e o serviço;  o importante passa pelos pratos, que estimulam o que corresponde: o sentido do gosto e do olfato..
A cozinha consegue o mais importante, provocar gemidos na mesa cada vez que vamos e  um atendimento que se supera a cada dia, rosando a excelência.
Pela relação qualidade preço deve ser dos melhores restaurantes em Barcelona para apreciar cozinha de autor, grandes iguarias por um valor acessível .

O conhecemos em 2013 e gostamos tanto que repetimos a experiencia aquela vez... em 2016 fizemos o mesmo.



Nas quatro visitas que fizemos nas duas viagens o restaurante sempre cheio, com turistas (muitos) mas também locais, o que mostra que é possível achar esse equilíbrio entre preço e qualidade.
A carta de vinhos é apropriada e com preços honestos, e muitos podem se pedir em taça (3 a 4,50)


Das entradas é difícil escolher uma: todas são deliciosas e muito bem executadas, como este lacon con ajadi, farofa de amendoim e escarola vermelha (foto do capa também)...bom presunto cozido com boa batata, muito bem temperado que é realmente o segredo do prato.





Um porto seguro também são os camarões empanados, carnudos. gorduchos, e fritos com leveza.Talvez o molho de manga não seja dos meus preferidos para acompanhar frutos do mar, mas a entrada é super recomendável. 


Uma das estrelas das entradas é este polvo "a la gallega" na chapa com paprica no azeite extra virgem; Polvo carnudo, tenro, crocante por fora e porção generosa pelos 11,50 que custa.



Todos os principais deixaram a sua marca, pois os pratos são preparados com capricho; a estética e o visual não ficam de lado, mas é a essência da cozinha a que se destaca...uma cozinha onde as carnes se maturam para chegar ao ponto de maciez pretendido.

O cordeiro confitado com cous-cous de tomates secos  foi a pedida da minha esposa: o cordeiro dava para cortar com um colher e o cous cous aportava a leveza necessária para uma carne naturalmente pesada; O tomate seco adocicou o prato na medida certa, equilibrando -lo.




O "arroz negro de marisco con viruta de iberico en salsa de azafran" foi uma grande pedida: um arroz com frutos do mar delicioso, as lascas de presunto ibérico e o molho de safrão aportaram a sua parte para o prato sobressair: cremoso, arroz no seu ponto exato, prato de sabor marcante mas delicadinho...show!




O meloso de carrillera desmanchava na boca...muito bem maturado e cozido a baixa temperatura.
Não pirei pelo parmentiere de trufa branca que o acompanhava, mas foi um bom parceiro, permitindo a carrillera se luzir.





O Petit Saó D.O. Costers del Segre 2013, de LLeida a 18 Euros, blend de Tempranillo, Garnacha e Cabernet Sauvignon se mostrou jovem mais com força, com caráter...um vinho gastronômico mas com identidade própria. 
Caudaloso em boca, fresco, taninos amáveis e final de persistência média; Vinho redondinho.




                                                           
coulant de chocolate com sorvete, úmido, cremoso e com chocolate de boa qualidade a super amáveis  6 Euros  fechou e com dupla chave de ouro a nossa segunda visita em três dias.
Repetiremos cada vez que visitemos Barcelona, pois sempre saímos dele com um sorriso no rosto.









Cera 23
Carrer de la Cera 23, El Raval, Barcelona






segunda-feira, 16 de maio de 2016

PARIS - L´AS DU FALAFEL

 Glorioso Falafel  
  EGG - on the road  


No trendy bairro de Marais se ubica este restaurant/despacho de sanduíches que deixou de ser um segredo a muitos anos. 
A qualquer momento do dia se enxergam filas esperando pacientemente pelo carro chefe da casa: o falafel.
Pedido fora, o delicioso sanduíche, suculento, sai por 6 euros (24 reais), mas também existe a opção de come- lo dentro, se colocando na outra fila que se abre a direita do estabelecimento.
No  frenético salão interno é possível pedir pratos, como o da foto do capa, onde o falafel é servido com hommus, babaganush e salada e esta na faixa dos 15/20 Euros.
Também o falafel ou o shawarma em pita é uma grande pedida, com preços levemente acrecidos do que pedido fora.

O shawarma ganha uma deliciosa berinjela defumada, que faz toda a diferencia dum shawarma normal; sanduiche contundente e saboroso.




O falafel é sensacional, da para entender o porquê das filas e que o outro, na mesma localização bem na frente atravessando a rua não tenha o mesmo sucesso.
 Falafel crocante por fora e macio por dentro, difícil de conseguir quando o elemento principal é o grão de bico, normalmente seco; realmente aditivo. 
Dentro se tem a chance de comer sentado, mas não espere charme o sofisticação...o ideal é fazer a fila e se levar a iguaria para comer andando pelas animadas e chiques ruas do bairro.

  
Um imperdível quando passar por Paris...comida de rua com sabores marcantes.


L´As du Falafel 
34 Rue des Rosiers, 75004 Paris







quinta-feira, 12 de maio de 2016

PARIS - AU PETIT SUD OUEST

  RENOVADO  
EGG -on the road


Este restaurante com especialidades do sul oeste da França renovou e muito a sua cara desde a ultima vez que o visitamos em 2013.
Esta muito mais elegante por fora, mas principalmente por dentro, onde antes com o aspeito de trattoria italiana era poco convidativo e só dava vontade de pegar uma mesa fora.; esta muito mais acorde ao 7º arrondissement, o bairro chique a passos da Torre Eiffel.

A cozinha continua se especializando em foie gras e no pato, e mesmo quando não todos os pratos luziram, a proposta é honesta, regional e de terroir.
A matéria prima é inquestionável. eles usam patos só da raça mulard, todos franceses e da região Landes, onde compram dos pequenos produtores.

A grande estrela do almoço e a grande pedida é o foie gras quente na chapa, acompanhado e muito bem pelo purê de maçã. 
O purê cumpre um rol vital no prato, pois a gordura e a untuosidade do foie pedem a gritos algo adocicado que o equilibre para não ficar enjoativo.
O foie é maravilhoso, se dilui na boca... a chapa provoca esse crocante gostoso que o sela e o contêm. 



Fomos na experiencia completa do foie, o carro chefe da casa, com resultados ambíguos.
Na entrada, o foie gras cru não foi tanto de nosso agrado, deixando um muito melhor sabor de boca o mi cuit (medio cozido).
Me resultou curioso que um mi cuit ou patê seja servido só com um pão tipo pão de forma para esquentar nas torradeiras que simpaticamente se espalham pelas messas.
Num pais onde a boulangerie provoca fascinação e com tantas opções possíveis (pão rustico, baguette, pão de campo, só por mencionar alguns), achei fraco aquele que eles servem.
O mi cuit é untuoso, intenso, com aquele sabor marcante do foie, aprovadíssimo!!...pena o pão que o acompanha.





O pato, a outra pedida de prato principal, não brilhou tanto assim, opacado pelos cogumelos que o acompanhavam...eles  roubaram a cena, simplesmente maravilhosos!    Bom pato, mas outros em Paris me geraram melhores sensações. As batatas "sautés" bem valem uma menção especial também, gorduchas, arejadas por dentro e crocantes por fora. Os cogumelos são caramelizados e conservados em azeite de oliva, conseguindo um sabor único e ao mesmo tempo se garantem de ter a iguaria o ano todo.





Um Gaillac 2007, do Domaine de Pialenteu, vinho estruturadinho e no ponto para ser bebido acompanhou bem o pato e nem tanto o foie, mais o frio de Paris impediu optar pelo branco que tivesse sido definitivamente um melhor parceiro.
Igualmente boa nariz, bem frutada e uma boca agradável, fruta preta, fresco; para bebe -lo máximo neste ano, no 2017 pode começar a sua curva descendente


Resumo da opera: um lugar muito acolhedor para apreciar cozinha regional francesa, super bem atendidos pelo casal Chantal e Christian, o chef.


Sabendo pedir pode dar uns 35 Euros por pessoa, já para apreciar a experiencia foie + o pato e uma garrafa de vinho a conta da uns 45 por cabeça.
A melhor opção continua sendo se sentar nas mesinhas de fora principalmente a noite, no chique terraço no aristocrático bairro da Torre Eiffel.


Au Petit Sud- Ouest 
46 Avenue de la Bourdonnais, 75007 Paris











segunda-feira, 9 de maio de 2016

ESCORIHUELA GASCON


Escorihuela Gascón é uma das vinícolas mas antigas de Mendoza em atividade e produz vinhos realmente interessantes.
É a casa também do Restaurante 1884, de Francis Mallmann, sobre o qual já escrevi uma matéria 
http://enogastrogringo.blogspot.com.br/2014/11/diario-de-viagem-mendoza-gastronomia-iv.html

Falando propriamente dos vinhos, dos quais consegui experimentar alguns deles, achei de boa relação preço qualidade o 1884 Reservado Syrah 2012...um syrah bem frutado que passa só 8 messes em barrica. E um syrah mais parecido aos do velho mundo, mais leve e facil de beber, algo herbáceo.
Nariz sedutora, parece um vinho muito mais caro, nítidos frutos vermelhos e algo mineral.
Em boca é de corpo médio mas suculento, redondo e achocolatado, com um final agradável e de persistência media.






A linha que mais experimentei e mais me impactou é esta de "pequeñas producciones", para começar com o 
 PEQUEÑAS PRODUCCIONES SYRAH 2009 
Vinho que passa 12 messes em barrica e mais outros 24 engarrafado antes de sair ao mercado.Este aqui é diferente do outro, mais pesado, outra intensidade, a madeira se sente claramente. Estruturado, bom corpo, frutos negros prevalecendo...vinho que precisa acompanhamento e pede comida.



  PEQUEÑAS PRODUCCIONES MALBEC 2011 
Com o mesmo tempo barricado y engarrafado, entregou outras sensações: é frutado em boca, taninos doces e amáveis, elegante.
Outro vinho com estrutura, algo pesado também, bem do novo mundo mas com outra elegância; madeira presente.







 PEQUEÑAS PRODUCCIONES MALBEC 2012  

Talvez 2016 não seja o melhor ano para abri-lo, pois pode evoluir em garrafa ainda; mostrou notas de chocolate e ameixas em nariz...outro vinho power, taninos ainda algo astringentes.
Gostei bem mais desta safra do que a do 2011, ainda tenho uma garrafa, que esperara pacientemente 2 anos para ser consumida.
Toda a linha pequeñas producciones é importada pela Grand Cru, que os vende a caros 168 reais.














 ESCORIHUELA GASCON  GRAN RESERVA MALBEC 2009 
18 messes em barrica (o 70% do vinho) e acabou sendo o mais elegante e o mais delicado, aquele equilíbrio que eu procuro num vinho deste porte, deste preço e deste passo por barricas.
Firme, consistente, guloso, com leves aportes de Petit Verdot e Cabernet Franc, toques defumados no palato com final de gente grande, persistente, pedindo mais.
Este esta no ponto justo para ser aberto...mas a Grand Cru não importa esta linha.