quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

LUCA - OS VINHOS DA LAURA CATENA






Os LUCA são o empreendimento pessoal da filha do Nicolás Catena Zapata, a Laura.
Mulher influente na industria e responsável pelo crescimento do Malbec na Argentina desde a própria Catena Zapata.
Se o Nicolás é ó cara, o rei do vinho, muito influiu a Laura em convence -lo que as terras mendocinas eram perfeitas para o Malbec também, alem do cabernet, a ideia original do Nicolás.

Laura é outra visionaria, não só a filha dum grande...passou por varias funções e hoje é a diretora da vinícola mais importante do país: a Catena Zapata.
Divide seu tempo entre os Estados Unidos e Argentina e seus vinhos, embora menos conhecidos dos que os Catena, são igual de impressionantes.

Da linha LUCA, vinhos mais artesanais, rendimentos pequenos e focados no terroir experimentei alguns deles, e TODOS são duma relação preço qualidade excelente.


 LUCA CHARDONNAY 2011 

Até experimentar este, achava que o Angelica ZapAta chardonnay era o melhor da Argentina, hoje já não tenho essa certeza.
Um chardo estiloso, elegante, um pouco menos mineral que o Angelica;
Os 14 messes de barrica de primeiro e segundo uso dão estrutura e concentração mas não uma madeira invasiva.
Nariz sedutora, amendoada e frutal (pêssego). Uma boca gulosa, corpo médio, final persistente
Tudo o que espero dum chardonnay esta aqui: brincalhão e sedutor em nariz, guloso e elegante em boca e com final longo pedindo mais...vinho de alta gama, super pontuado e a um preço convidativo considerando o produto final: na faixa dos 140/150 reais.
É  possível acha-lo a preços menores fora da sua importadora Mistral...muitos empórios tem stock com preços anteriores ao aumento, e pode ser achado por menos de 125.



 LUCA MALBEC 2011 




Malbec 100% de vinhedos do Valle de Uco,  e blend de terroirs pois as uvas que compõem o produto final são de Altamira, La Consulta, Gualtallary e Tupungato. de vinhedo s de quase 50 anos.
Os 14 messes de barricas de primeiro e segundo uso dão um vinho muito bem balanceado e que acho ainda vai evoluir em garrafa, para quem consegue resistir a tentação de te-lo na adega e não abri -lo.
Aberto agora (não consegui resistir) expressa aromas especiados em nariz mais em boca é onde mostra o seu melhor:  suave e elegante mas powerful, com personalidade; boa acidez, longo e apaixonante final, esse que você imaginou dum vinho desta categoria.
Comprei mais duma garrafa, prometo abrir a próxima daqui a 2 anos para comparar sensações.





  LUCA BESO DE DANTE 2011  









Um blend de Cabernet e Malbec com um toque de Cabernet Franc do qual me apaixonei ao primeiro gole.
Suave e elegante como o Luca Malbec, mas entrega uma doçura em boca,uma exuberância que o torna aditivo...um blend de gente grande!
Final de sonho, cremoso, pronto para beber agora, mas fico curioso o que mais um ano pode fazer deste magico blend...adquiri bastantes garrafas, espero que alguma chegue ao final do 2016 para poder comparar.







quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

ARTURITO

 CHAPEAU ou ROLETA RUSA? 




Esses são os extremos pelos que eu passo quando decido jantar no Arturito.
Fui duas vezes em Dezembro, e com resultados tão dispares que é bom colocar em aviso aos futuros clientes.
A primeira, perfeita, foi na noite do 9/12, onde escrevi isto:

 Poucos restaurantes em São Paulo reúnem o que eu procuro na hora de sair jantar fora, e Arturito é um deles.
Capricho na apresentação dos pratos, um salão bonito e requintado e um serviço atento, mas alem disso deve contar com três valores inegociáveis aos que eu não renuncio na hora da escolha final:

  1. Comida saborosa, marcante, diferenciada e abundante. 
  2.  Preço.
  3. O valor do vinho numa refeição.





Em Arturito a estrela é a comida: execuções brilhantes de matérias primas nobres sem que isso represente deixar o 13º numa refeição.

Arturito nos seus inícios era realmente caro, mas de dois anos para cá a equação mudou e mesmo não sendo barato sabendo pedir a relação preço qualidade é excelente pela experiencia que oferece.

A Paula oferece um menu mais enxuto agora, e com isso consegue praticar preços mais camaradas.
Poucos restaurantes deste patamar, quase nenhum diria, oferecem a chance de você levar seu próprio vinho e que A ROLHA NÃO SEJA TAXADA.

Valoro e muto que uma argentina, que nem eu, no seu restaurante aplique a cultura que o vinho tem para nós, uma forma natural de acompanhar as comidas e não da forma que agem outros empresários gastronômicos paulistas, acreditando que o vinho é um luxo para poucos e quem quiser acompanhar uma refeição com ele merece ser esfaqueado sem misericórdia com preços abusivos; Aqui quem não leva seu vinho acha uma carta curta mais com preços honestos.








Da refeição em si própria da noite do 9/12 fomos na salumeria artesanal (45), que serve e muito bem duas o trés pessoas.
Chorizo colorado, pata negra, pato curado e pecorino sardo compõem o prato, muito bem apresentado.
Salumeria de primeira, com palmares no chouriço e no pecorino...talvez essa entrada mereça ser acompanhada por os pães artesanais da casa e não ter que pagar aparte os caros 9,50 do couvert só por pão e manteiga (o único e pequeno ponto negativo que achei na noite).
Bom presunto crú e em boa quantidade, o pecorino, saboroso e cremoso, talvez precisaria dumas fatias a mais.
Igualmente entrada contundente, abundante e de alta matéria prima.







Nos principais fomos num clássico da casa, o olho de bife (72) feito no forno a lenha do qual já tinha falado em matérias anteriores.
O olho é macio, de respeito e chega no ponto pedido a mesa... o acompanhamento poderia ser um pouco mais generoso do que essa solitária batata bouchon, mas não desmerece a excelência da principal estrela do prato: a carne






O outro prato surpreendeu e muito; um polvo (76) carnudo e crocante no exterior (foto de capa) feito na chapa se deu e muito bem com o feijão manteiguinha.
Porção ajustada, tivesse devorado com muito prazer um terceiro tentáculo; O alioli picantinho não foi invasivo e deixou destacar o sabor do polvo.


Um bom tiramisu fechou o jantar com chave de ouro; porção generosa que permitiu dividir.



Sabendo pedir e levando seu próprio vinho é um restaurante de RPQ excelente.

Na janta do 28/12 as sensações foram bem diferentes:
Lentidão no serviço, lentidão na cozinha e  pratos já clássicos que foram tirados do cardápio.
É inaceitável  se sentar na mesa 8pm e que a tabua de salumeria, frios nos fim das contas, cheguem 8.45pm
É inaceitável se sentar com fome e ter que esperar o couvert por 20 minutos.
É inaceitável também  que quando esse couvert, caro por sinal, chega a mesa venham dois pãezinhos e uma manteiga, o couvert para uma pessoa só.
Não é possível ter que começar cobrar aos garçons para que as coisas aconteçam.

Quando eu saio jantar fora quero uma experiencia culinária, que tudo flua para assim poder desfrutar dos pratos, dos tempos da janta e da companhia das pessoas que estão comigo.
Garçons engessados que não sabem resolver nada fizeram a minha experiencia ontem desagradável.

Ontem 28 de Dezembro, alem das demoras,  não tinham empanadas, não tinham tiramisu mesmo estando no cardápio,  e até tiveram  a cara de pau de inicialmente rejeitar a troca dum iogurte que vem com uma chocolate amarga por uma bola de sorvete, tive que me levantar da mesa e pedir falar com quem comanda as sobremesas para poder torcer o braço dela, e para fechar com chave de ouro adicionaram items na conta final que nós não tínhamos pedido.

É o restaurante da Paola Carrosella mas é um restaurante sem comando, de fato eu nunca vi ela nas seis vezes que fui lá... ninguém com jogo de cintura para resolver situações, para agradar com um brinde (sei lá, um patê) se a cozinha por alguma razão se demora mais da conta.
Faltam agrados, mas principalmente comunicação...o serviço parece de manual de garçons sem um pouco de rua, de rodagem para conduzir uma janta, até no dia em qual a cozinha se atrapalha.
Saí puto, não volto mais


Arturito
Rua Artur de Azevedo, 542 - Pinheiros
São Paulo

quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

MIRANDA BUENOS AIRES

ALTOS E BAIXOS NO MENU EXECUTIVO


Parrilla (churrascaria) bem no coração de Palermo Soho com um menu executivo atraente e com bom preço final foi motivo suficiente para testar a qualidade dos pratos, mas com sensações agridoces.

Começou bem com uma polenta grelhada e muito bem com a chorizo (linguiça) quase sem gordura e cozido no ponto certo e com bom chimichurri
.
Boas entradas, contundentes, saborosas e que nos deixaram com alta predisposição na espera dos principais.

Nos principais um bom olho de bife, correto, com guarnição fraca de batatas fritas, nada que reclamar mas tampouco nada sobre o que suspirar.



A entraña deixou um pouco a desejar, seca, servida fora de temperatura e em porção diminuta; As batatas estavam gordas demais, pesadas,o que deu certa monotonia. Alem disso, a excessiva quantidade prejudicou e muito o visual do prato, deixando ao pedaço de carne parecer ainda menor no prato.


As sobremesas desiludiram, a mousse, de bom visual, desapontou em boca...chocolate de qualidade média e uma mousse não bem lograda, inconsistente, sem a cremosidade precisa e compacta demais.
O pudim (flan) saiu bem penteado na foto mas levinho demais, sem seu sabor caraterístico.
As fotos podem as vezes ser um tanto enganosas.





Miranda pode ser uma boa opção para os que querem um menu completo a preço accessível (inclui também uma copa de vinho o água por 45 reais final), mas não é sugerida para aqueles que com poucas refeiçoes em Buenos Aires esperam algo único...aí a desilusão pode ser grande.
Atendimento fraco, lento, pouco servicial.
Miranda
Costa Rica 5602, Palermo
Buenos Aires

segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

CHIUSO BUENOS AIRES


Grande Italiano no bairro do Retiro  
EGG Internacional

O restaurante careça talvez da intimidade e do aconchego dum bistrô... o seu dono, um judeu baixinho e barbado, pouco tem a ver como esses restaurateurs galanes que vemos na tv e parece no encaixar no formato dum restaurante italiano; O glamour não passa nem próximo e mesmo vizinho a Porto Madero o ambiente frente a Plaza San Martín é outro.
Porem, a verdadeira razão para vir neste Chiuso é a comida...alta cozinha italiana, alta mesmo a preços bem razoáveis considerando que a Argentina em geral e Buenos Aires em particular estão muito mais caros para os brasileiros.

A alta cozinha italiana  aparecem tanto na efervescência dum meio-dia quanto na tranquilidade e no silencio quase melancólico da noite.
As entradas são de sonho e podem ser pedidas ao igual que os principais em meia porção, permitindo curiosear boa parte do cardápio: 
Burrata de verdade, com a cremosidade e e textura que uma boa deve ter, bem acompanhada de tomate cereja, tomate seco e manjericão (foto de capa).
Não desentonou nem um pouco o patê da casa, sabor marcante, untuoso, na textura e umidade certa.



Nas entradas quentes as opções são variadas, e a nossa escolha deu certo também: uma linguiça de coelho quase sem gordura, saborosa e ardida no ponto certo.



Nos principais beliscamos uma meia porção de  raviólis de coelho com emulsão de grappe-fruit que dividiu as opiniões na mesa; Carnudos e bem recheados... só que a combinação não foi das minhas favoritas, mas outros na mesa aprovaram

Os palmares o leva este grande prato (meia porção) de raviolis de rosbif com manteiga e salvia, un clássico que acompanha ao Mariano o dono desde sempre, desde a época do Doppio Zero.
Delicado, super recheado com a sálvia aportando esse toque herbáceo que o prato decididamente precisa. 



Outro prato que sobreviveu nos tempos do Doppio é este ossobuco om risoto, outra grande combinação de ingredientes pontos, texturas  e molhos; Jã falei dele bastante em outras matérias...é só procurar pela palavra Chiuso o Doppio no meu buscador. Outra grande pedida que não tem erro.







Em Chiuso  você não vai encontrar os rótulos tradicionais e os malbecs clássicos;  Mariano é sommelier e sempre procurou e procura surpreender com vinhos não tão conhecidos se afastando do Malbec, um porto seguro de quem visita Buenos Aires; Arriscado sim, mas vale a pena fugir do Malbec e se entregar ao que Mariano escolheu e colocou na carta, como este blend saltenho (não de Mendoza) de Cabernet com Merlot...delicioso, intenso, marcante e bem gastronômico 








Nas sobremesas os semifreddos são destaque... desta vez fomos em outro clássico, aquele com figos e avelas que talvez não estava no ponto de excelência de outras vezes, mas que não desmerece nem um pouco a gratíssima sensação geral


A conta atingiu com a gorjeta de 10% 1.000 pesos, uns 260 reais para três pessoas, com um muito bom vinho de 230 pesos (uns 60 reais).
Boa relação preço qualidade. considerando que foram duas meias entradas frias, uma entrada quente, dois meios principais e um inteiro, mais uma sobrermesa.

Chiuso
San Martín 1153 Buenos Aires




quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

SOCIAL PARAISO

ROLETA RUSA
- EGG Internacional-

Segunda matéria sobre este restaurante de autor que tão bem tinha me impressionado nas ultimas visitas no ano passado.
Desta vez os resultados foram mais ambíguos, com pedidas excelentes e outras muito irregulares, o que leva a pensar e muito na escolha deste restõ, pois a diferencia na escolha nos pratos e grande demais, com grandes estrelas e pratos normais.





O couvert aportou bons pães, mas para untar esse pote a base de feijão preto...combinação esquisita para mim que não deu certo.

Nas entradas ganhou quem pediu estes camarões carnudos, suculentos em porção generosa e com base em três molhos diferentes para acompanhar.








Eu perdi e muito neste pate da casa...antes da pedida a garçonete foi consultada sobre o patê em si próprio...a insólita resposta foi " é patê!", como se existisse só uma unica versão dele e únicos ingredientes sobre esta iguaria; Como o tinha experimentado da vez anterior e saí super satisfeito fiz o repeteco, mais com resultados decepcionantes.A minha memoria gustativa achou ele sem graça, bem diferente do experimentado as outras vezes. Careceu dum sabor marcante e que justifique estar numa carta dum restaurante de autor


A disparidade continuou nos principais...eu me dei bem com este nhoque de sêmola e broccolis
O nhoque tinha presencia, bem gratinado e um grande molho...prato contundente





As outras duas pessoas da mesa perderam com esta massa que não empolgou. Os agnolotis que não tinham me impressionado na visita anterior mudaram de recheio e de molho... quem decidiu dar mais uma oportunidade se desiludiu: a combinação derrapou e nenhum dos três que estávamos na mesa aprovamos.


Nas sobremesas mais heróis e vilões.
Para julgar definitivamente o restaurante optamos por pedir aquele que traz em versão reduzida claro, TODAS as sobremesas do restô com grandes ganhadores como o sorvete de pimenta de sichuan, saborosa e surpreendente junto com a mousse... e grandes perdedores, principalmente o creme brulee de chocolate e as batatas em calda.
O creme brulee sem um chocolate que tinha provocado algum suspiro na mesa e as batatas não deram certo e ficaram no prato.


Em restaurantes de cartas enxutas os pratos que o chef coloca na carta devem ter um porquê, são as suas criações. são diferentes ingredientes, texturas e sabores as que seduzem ao comensal, que aceita em troca comer num restaurante mais despojado, minimalista, mesas próximas e serviço austero. 
Aqui a estrela DEVE ser a comida, e na ultima visita tive a  sensação de estar jogando numa roleta  rusa, onde a escolha do prato pode te proporcionar sensações tão opostas que me fazem duvidar se eu estou disposto a correr esse risco a próxima vez.