AUTENTICA COZINHA DE AUTOR
Gosto e muito de este tipo de empreendimentos. Um dono que é chefe de cozinha e poucos atendentes.
Me atrapa logo de cara essa ideia, onde o chef "assina" a suas criações e o esmero esta em cada um dos detalhes do prato e nem tanto na decoração nem no serviço sobre dimensionado (o que habitualmente esconde imperfeiçoes na cozinha).
A proposta é boa, muito boa por sinal...numa maratona gastronômica que eu fiz em Buenos Aires, esse jantar me pegou sem tanta fome assim, pelo que decidi me focar nas entradas e dividir só um principal com a minha esposa.
A ideia era testar este tipo de restaurantes que em Buenos Aires particularmente tem crescido e muito nos últimos 6 anos.
Bem apresentados, super saborosos e suculentos os carnudos camarões sobre um colchão de salada (foto do capa), grande começo!
As mollejas de cordeiro foram de longe as estrelas da noite, digo enquanto a criatividade...uma harmonia perfeita entre texturas: a crocancia da molleja, a untuosidade da gema do ovo, o amargor da vinagreta da mostarda de Dijon, a densidade da batata e o frescor dos vegetais...grande execução...mas POCA QUANTIDADE. Não me lembro do valor pagado, mas igualmente esperava um prato um pouco mais generoso.
No único principal fomos de uma carne de caça com purê de batata e ratatouille...talvez faltou algo de maciez na carne, talvez matura la por mais tempo, mas em qualquer caso uma boa pedida e uma boa escolha da qual não me arrependo.
O Durigutti Bonarda 2010 acompanhou e muito bem a refeição...talvez para a carne de caça seja necessário um vinho mais potente, mas a uva bonarda acostuma ser uma boa aliada na hora de pedir vários pratos de diferentes carnes e frutos do mar.
Pode escolher vinho em taça se preferir, e ir num chardonnay para os camarões, um bonarda/malbec para as mollejas e um Cabernet Sauvignon reserva pra o principal.
Falando de vinhos, excelente carta!, num restaurante de autor o cliente não espera os clássicos, mas aqueles vinhos de produção a escala menor de adegas que querem crescer no mercado, alem dalguns consagrados: exemplares das adegas Durigutti, Mauricio Lorca, Carmelo Piatti, Ricardo Santos e Melipal aparecem na "Pizarra" de vinhos, só por citar alguns.... E PREÇOS LÓGICOS, não escandalosos.
O que não gostei? Las Pizarras não fica no centro do glamour de Palermo Soho, mas mesmo isso importando pouco na hora da avaliação, ao menos pra mim, ao mesmo tempo o salão não é confortável, o lugar tem as messas juntas demais até o ponto de perder a tua privacidade.
Ainda mais: tudo esta em pizarras (losas), e já é desconfortável tem que se levantar pra ver aquela que escapa a teu angulo de visão.
Como contrapartida então, num lugar destas caraterísticas onde você sacrifica privacidade, glamour e um salão mais amplo, é preciso sentir algo que equilibre o que você resigna, que compense o que deixa de receber... pois os valores cobrados aqui são os do mercado, não mais baratos.
Imagina que esse desconforto sera recompensado pela visita do chef Rodrgio Castilla, que percorrera cada uma das messas e perguntara como foi tudo, confirmara se as suas criações foram altamente aceitas, aceitara elogios e criticas, dedicara alguns minutos para te fazer sentir em casa...que fara o seu papel de anfitrião em definitiva, que é a essência dum restaurante deste tipo.
Na minha visita num Domingo a noite de Maio isso não aconteceu (alem da garçonete, correta, correta até demais...fria diria para este tipo de bistrô).
Faltou isso, o que completa a magica duma refeição....aconchego, o que não é pouco.
As criações do chef sim, aprovadas e com folga.
Las Pizarras
Thames 2296 - Palermo
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