quinta-feira, 27 de julho de 2017

RIOJA - BODEGA LA RIOJA ALTA S.A


 UM MITO EM CONSTANTE EVOLUÇÃO 

EGG on the road


Uma das bodegas mais admiradas do mundo, um ícone na Espanha e decididamente das más emblemáticas da Rioja. com mais de 125 anos de existência como indica o cartaz acima.
Uma das precursoras em Rioja, daquelas que circundam a lendária estação, pois nos finais do seculo XIX o transporte do vinho era feito pelas vias férreas, transportado inicialmente a granel e se engarrafando em destino.


O ponto de inflexão na vinicultura em Rioja se vincula com a grande praga da filoxera na França nos finais do século XIX, pois bodegueiros e enólogos franceses se trasladaram a terras Riojanas procurando solos férteis e livres da praga para selecionar os vinhos, e ao mesmo tempo espalhando o conhecimento e criando as condições para o nascimento de novas bodegas na região, La Rioja Alta entre elas.


O Grupo Rioja Alta possui 4 vinícolas, das outras trés só uma faz brancos: Lagar de Cervera (Galicia -Rias Baixas), Torre de Oña é a outra riojana na "milha de ouro" da Rioja Alavesa (adquirida em 1995), e a Áster na Ribera del Duero, a qual também visitamos nesta viagem e cujas gratas sensações estão expostas na matéria publicada o mês passado: 
https://enogastrogringo.blogspot.com.br/2017/06/ribera-del-duero-bodega-aster.html


A bodega Rioja Alta, motivo da matéria de hoje, impressiona pelo tamanho, pela magnitude do desenvolvimento em 127 anos de história e pela procura da excelência, o que determina que todas as uvas utilizadas em seus vinhos sejam de produção própria, dos 400 hectares da vinícola, permitindo o controle total de todas as etapas duma safra.
Também fazem suas próprias barricas, comprando o carvalho nos EUA e "curando" ele na intempérie dois anos antes de confecciona-las; As instalações incluem também oficinas para o reparo delas.

 




Eu teve um amor a primeira vista com a vinícola, ao primeiro gole diria: Ha alguns anos sem conhecer todo o que a vinícola produzia catei o 890, o vinho ícone da bodega, fiquei extasiado e dai não houve mais volta atrás.


La Rioja Alta então não podia ficar de fora em nosso passo pelas famosas e prestigiosas vinícolas da região, e em virtude da generosa receptividade da bodega, via o departamento de relações publicas comandado por Marta Enciso, pudemos conhece-la em detalhe e em toda a sua extensão, entender também a historia detrás dela, a paixão que os envolve e a ampla oferta eno turística que apresentam aos visitantes.

 




A oferta eno turística para os enófilos é bem diversificada:começa nos 15 Euros com visita e degustação de trés vinhos, visitas Premium que podem incluir almoços privados, degustar ou catar por taça no moderníssimo wine bar o vinho da sua preferencia de quaisquer das vinícolas do grupo, cursos de cata, etc...para uma informação precisa e atualizada é bom checar no site deles: 
 http://www.riojaalta.com/enoturismo



Nós muito gentilmente atendidos desfrutamos duma visita privada, percorremos a bodega, entramos na cava onde os grandes tesouros se encontram, entendemos como as barricas são feitas, enxergamos as oficinas para o reparo delas, o passeio pela bodega é bem didático para que quer aprender e se interiorizar sobre cada um dos passos na produção dos vinhos.




Após a visita, naturalmente catamos os principais vinhos da vinícola, fora o genial 890 pois já o conhecíamos daquele primeiro amor mencionado.



O dia ensolarado e agradável permitiu aproveitar as excelentes instalações externas do wine-bar, este charmoso terraço onde se relaxar taça em mão, ou taças como no meu caso.



Fiquei surpreendido pelo nível dos vinhos, principalmente dos que seriam a "linha de entrada" da bodega...aqui não tem vinho meia boca, todos oferecem uma experiencia sensorial e gustativa que sugiro plenamente.
Começei pelo Viña Alberdi 2012
100% Tempranillo e que passa 2 anos em barricas de carvalho americano (o primeiro ano em barricas novas) e mais um ano em garrafa antes de sair ao mercado.
Este é o único mono varietal da vinícola, e tem tudo para agradar a todos os perfis.
Brincalhão, jovem, fresco, nariz intensa e cheia de frutos vermelhos em compota.
Em boca mesmo brincalhão mostra equilíbrio. Entra suave e com final persistente.
Na faixa dos 10/12 Euros...a Zahil no Brasil o coloca no seu site na "promoção" a quase 200 Reais.
Um vinho que custa menos do que vale.





Viña Arana Reserva 2009


Um dos meus primeiros gemidos no meio-dia riojano. Não da para acreditar que um vinho deste naipe custe lá uns 15 Euros. 
Vinho com 36 messes em barrica e dois anos engarrafas, antes de sair a venda. 95% Tempranillo e um toque de Mazuelo.
Nariz sedutora, especiada, intensa.
Em boca entrega tudo o que presumia e mais. Aveludadinho, equilibrado, elegante sem ser careta, intenso; final persistente e convidativo.
Fiquei bem a vontade na bodega pois desfrutei de todo o tempo que quis para avalia-lo, e isso faz uma diferencia grande na apreciação, pois o vinho evolui em garrafa mas também na taça enquanto se oxigena; Bebi só uma taça, mas aos poucos, o apreciando bem melhor.

Este e todos os vinhos da bodega tem grande poder de evolução, quem puder comprar e esperar, ou comprar varias e ir vendo a evolução em garrafa vai me agradecer. Eu trouxe duas que serão abertas oportunamente em 2018 e 19 para comparar com as sensações desta cata.







Viña Ardanza Reserva 2008 
80%Tempranillo e 20% garnacha.
O tempranillo passa 3 anos em carvalho americano, enquanto a garnacha 2 anos e meio, aos que debe se somar os dois anos envelhecendo em bodega antes de sair ao mercado.
A garnacha aporta esse frescor, essa fruta mas viva e não tão em geleia.
Vinho bem frutado, mas potente, mas sem perder o equilíbrio tão bem logrado em cada um dos vinhos da vinícola.
Bom corpo, entra potente em boca e final persistente pedindo mais...outro golaço.
Os proibitivos 455 Reais pedidos aqui pela importadora o viram num vinho de luxo, exclusivo, mas não deveria.





Gran Reserva 904 safra 2007  - O gemido final

90% Tempranillo e 10% Graciano para um vinho de sonho.
1904 foi o ano da fusão de duas vinícolas: La Rioja Alta e Bodega Ardanza, de Alfredo Ardanza, que também era um dos fundadores de Rioja Alta; O número no vinho representa aquela união, só tirou o 1 na frente (ao igual que o ícone 890) para não confundir aos compradores entre safra e nome do vinho.
O 904 é um vinho delicado, fino sutil, elegante, equilibrado mas complexo... aqueles riojanos que pela densidade na cor e pelos aromas que solta na primeira e segunda nariz dão a entender logo de cara que é um vinho para desfrutar aos poucos e ao meu ver sem comida, sem harmonizar nada. 
A safra 2007, cujo coupage foi engarrafado em 2012, daí outros 4 anos em garrafa antes de sair ao mercado o ano passado.
Vinho com alto potencial de guarda, mas já oferece tudo o que promete agora. pois em definitiva esse é o espirito da bodega, de colocar no mercado um produto que mesmo com poder de evolução e guarda, esta pronto para expressar as suas raízes.
A evolução inicial do vinho se produz na vinícola, no envelhecimento em barricas e garrafa, de 8 anos no total neste caso.
Todos os quesitos dum grande vinho estão aqui: aveludado, taninos amáveis,estrutura e corpo,carvalho integrado, super equilibrado.
Vinho Gigante, na faixa dos 40/50 Euros lá.


Fomos embora desta Bodega mítica extasiados, e sugiro a quem include Rioja como destino de suas ferias visita~la  pela qualidade do seus vinhos e por ser uma bodega mítica que continua se desenvolvendo, que não ficou atrás no tempo, sabendo envelhecer.

Gracias Rioja Alta!

Bodega La Rioja Alta S.A.
Av. de Vizcaya 8 - HARO
RIOJA

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