quarta-feira, 30 de novembro de 2016

RIO - L´ATELIER DU CUISINIER


 ALMOÇO GOURMET NO CENTRO DO RIO 


Restaurante colocado no segundo lugar no ranking de TA despertou rapidamente a minha curiosidade inicial, e aproveitando que no ultimo fimde largo do ano o tempo decididamente não acompanho na cidade maravilhosa, aproveitamos par curtir e avaliar o almoço executivo deles, a 78 reais, que oferece pessoalmente o Chef David Jobert.

Sempre digo que o ranking do TA esta bem longe de ser uma unica referencia na hora de escolher um restaurante, mas serve sim como o passo inicial para começar uma pesquisa, que deve e precisa ser contra checada com outras fontes de informação como blogs, outros sites ou avaliações de média conhecida.

O menu executivo do L´Ateier du Cuisinier apresenta uma trilogia de entradas da casa em sua versão mini, um principal a escolha entre três opções que o Chef escolhe para o dia e uma degustação de sobremesas.

O restaurante é um pequeno espaço sem muito charme bem no centro do Rio, bem longe do glamour de Leblon ou Ipanema onde o mesmo Chef atende o seu outro restaurante, o Bistrô, pelas noites. 
Consequentemente, a expetativa era grande e focada claramente na comida.

Um amousse bouche pra começar com esta gostosa sopa de brócolis, ideal para o inesperado frio carioca


A trilogia de entradas (foto do capa) mostrou altos e baixos: um marcante e intenso queijo de cabra acompanhado de salada como o ponto mais alto, um correto cous-cous com insuficiente salmão marinhado e um "velouté" de pato que não impressionou, monótono demais...talvez um patê de campaigne tivesse sido um melhor parceiro dos gostosos pães inclusos no menu e repostos permanentemente na mesa.
 



Nos principais eu acertei em cheio com o Risoto negro em tinta de lula com fricassê de camarões e chorizo ibérico: prato contundente, com bom contraste de sabores, o chorizo dando o toque exótico que o prato pedia; perfeito ponto do risoto, molho equilibrado e bons camarões, que eu tivesse puxado no extravirgem para elevar o seu sabor.
Amei o prato e voltaria ao restaurante só por ele!




A minha esposa foi no peixe do dia, uma das três opções de principal...o prato, embora brilhantemente apresentado, estava só correto no sabor: o namorado com creme batatas e mexilhões era equilibrado, leveza num molho bem logrado de marinheira de caldo de peixe e vinho branco, mas o namorado não provocou suspiros, e a porção foi um pouco justa.


Num bistrô deste naipe. cozinha de autor,  a culinária tem duas regras sagradas: os pratos precisam ter a mesma quantidade para evitar sensações ruins na mesa e atingir um patamar em todas as suas criações e não só nalgumas, pois acaba gerando mal humor e baixo astral em quem errou na pedida.
A experiencia não pode passar pela sorte da escolha...neste caso a excelência do risoto prejudicou ao peixe.






Na sobremesa uma degustação com altos e baixos, um creme brulee de cafe  parfait, mais tanto a tartelette  de doce de leite quanto o sorvete de manga com lima não apaixonaram.


O serviço e bom, com garçons explicando cada uma das criações do dia que componem o menu, o Chef David  é quem prepara e faz pessoalmente o acabamento dos pratos, o preço e justo pelo que se oferece, mas não saí de lá extasiado quanto imaginei.

L´ATELIER DU CUISINIER
Rua Teofilo Otoni 97, Rio de Janeiro


segunda-feira, 7 de novembro de 2016

SÃO PAULO - A TABERNA DA ESQUINA - HARMONIZAÇOES


  PROPOSTA A LAPIDAR 


O famoso chef português Vitor Sobral espalhou as propostas gastronômicas da sua terra em solo paulista em três endereços.

Numa delas, a Taberna, se ofereceu uma janta harmonizada com os vinhos Bojador, orgânicos e com a presença do enólogo Pedro Ribeiro.

Os vinhos eram bons e eram servidos generosamente, a cozinha impecável, o serviço atento, mas alguma coisa não me fechou...de fato uma combinação de fatores.

Talvez a pouca interatividade do enólogo, que passou pelas messas mas que aproveito pouco a opção de falar sobre Alentejo, do terroir,  das caraterísticas climáticas e geológicas, mas principalmente falar sobre este tipo de vinhos, feitos em vasilhas de barro, com o desafio, as obrigações para poder ser DOC Vinho de Talha, como se fermenta, como se vinifica...nada disso foi falado. 

A cozinha, impecável como falei na execução e na temperatura dos pratos quanto na qualidade dos ingredientes, deixou a desejar no tamanho das porções e numa sobremesa sem capricho.
O valor da janta era de 165 reais por barba, quase 50 Euros, pelo que o analise esta feito na relação preço qualidade investido.

A janta começou com um saborosos bolinhos de bacalhau e de bacalhau com camarão: Leveza na fritura, bacalhau marcante, execução correta, temperatura perfeita, fantástico começo, só pecou pelo tamanho da porção: dois de bacalhau e um do outro pra cada deixou a sensação de pouco, no primeiro dos quatro passos

Impressão que melhorou no segundo passo, um espeto de polvo a dividir com purê de abacate. Qualidade na matéria prima, boa harmonização com o vinho de talha escolhido (6 messes em vasilha de barro), polvo a temperatura ambiente para harmonizar com o purê...talvez um espeto menor, mais um para cada, visualmente seria mais aconselhável. 





No terceiro passo a alheira com quiabo e pickles de cenoura, embora saborosa pecou e muito pelo tamanho servido: foram duas rodelas com legumes grelhadas..
A foto é gráfica o bastante: esse é o terceiro passo para duas pessoas.
Bem harmonizado com o Bojador tinto 2014, tinto jovem, guloso.




O quarto passo deixou um melhor sabor de boca, um black angus no ponto certo e servido com mandioquinha ao murro



Os vinhos harmonizaram perfeitamente com os pratos, o primeiro um branco jovem, alegre, fresco, fácil de beber e o segundo um vinho com mais corpo, com outra estrutura mas pouco convidativo na primeira e segunda nariz..Os dois aprovados, mas o preço pedido por um deles, de 99 reais, pareceu excessivo considerando que é um vinho de menos de 10 Euros em Portugal.





Os tintos surpreenderam menos, o primeiro um blend de Touriga Nacional  Trincadeira e Aragonez: gastronômico, fácil de beber, boca gulosa.
Achei algo rustico o segundo apresentado, aquele de Talha, e desconheço o valor a ser comercializado aqui para estabelecer seu RPQ.






















Resumo da Opera: boa cozinha,bons vinhos, proposta interessante mas que precisa se ajustar; ter ao enólogo produtor dos vinhos e não dar ao cliente a possibilidade de extrair os seus conhecimentos me deixou com a sensação que alguma coisa faltou.
Faltou previa, algo de imaginação na organização do evento; Os enófilos que nos aproximamos motivados e atraídos pela presença dele, sentimos que poderia ter sido melhor aproveitado.