segunda-feira, 7 de novembro de 2016

SÃO PAULO - A TABERNA DA ESQUINA - HARMONIZAÇOES


  PROPOSTA A LAPIDAR 


O famoso chef português Vitor Sobral espalhou as propostas gastronômicas da sua terra em solo paulista em três endereços.

Numa delas, a Taberna, se ofereceu uma janta harmonizada com os vinhos Bojador, orgânicos e com a presença do enólogo Pedro Ribeiro.

Os vinhos eram bons e eram servidos generosamente, a cozinha impecável, o serviço atento, mas alguma coisa não me fechou...de fato uma combinação de fatores.

Talvez a pouca interatividade do enólogo, que passou pelas messas mas que aproveito pouco a opção de falar sobre Alentejo, do terroir,  das caraterísticas climáticas e geológicas, mas principalmente falar sobre este tipo de vinhos, feitos em vasilhas de barro, com o desafio, as obrigações para poder ser DOC Vinho de Talha, como se fermenta, como se vinifica...nada disso foi falado. 

A cozinha, impecável como falei na execução e na temperatura dos pratos quanto na qualidade dos ingredientes, deixou a desejar no tamanho das porções e numa sobremesa sem capricho.
O valor da janta era de 165 reais por barba, quase 50 Euros, pelo que o analise esta feito na relação preço qualidade investido.

A janta começou com um saborosos bolinhos de bacalhau e de bacalhau com camarão: Leveza na fritura, bacalhau marcante, execução correta, temperatura perfeita, fantástico começo, só pecou pelo tamanho da porção: dois de bacalhau e um do outro pra cada deixou a sensação de pouco, no primeiro dos quatro passos

Impressão que melhorou no segundo passo, um espeto de polvo a dividir com purê de abacate. Qualidade na matéria prima, boa harmonização com o vinho de talha escolhido (6 messes em vasilha de barro), polvo a temperatura ambiente para harmonizar com o purê...talvez um espeto menor, mais um para cada, visualmente seria mais aconselhável. 





No terceiro passo a alheira com quiabo e pickles de cenoura, embora saborosa pecou e muito pelo tamanho servido: foram duas rodelas com legumes grelhadas..
A foto é gráfica o bastante: esse é o terceiro passo para duas pessoas.
Bem harmonizado com o Bojador tinto 2014, tinto jovem, guloso.




O quarto passo deixou um melhor sabor de boca, um black angus no ponto certo e servido com mandioquinha ao murro



Os vinhos harmonizaram perfeitamente com os pratos, o primeiro um branco jovem, alegre, fresco, fácil de beber e o segundo um vinho com mais corpo, com outra estrutura mas pouco convidativo na primeira e segunda nariz..Os dois aprovados, mas o preço pedido por um deles, de 99 reais, pareceu excessivo considerando que é um vinho de menos de 10 Euros em Portugal.





Os tintos surpreenderam menos, o primeiro um blend de Touriga Nacional  Trincadeira e Aragonez: gastronômico, fácil de beber, boca gulosa.
Achei algo rustico o segundo apresentado, aquele de Talha, e desconheço o valor a ser comercializado aqui para estabelecer seu RPQ.






















Resumo da Opera: boa cozinha,bons vinhos, proposta interessante mas que precisa se ajustar; ter ao enólogo produtor dos vinhos e não dar ao cliente a possibilidade de extrair os seus conhecimentos me deixou com a sensação que alguma coisa faltou.
Faltou previa, algo de imaginação na organização do evento; Os enófilos que nos aproximamos motivados e atraídos pela presença dele, sentimos que poderia ter sido melhor aproveitado.





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