segunda-feira, 17 de novembro de 2014

1884 FRANCIS MALLMANN

DIARIO DE VIAGEM - MENDOZA -  GASTRONOMIA IV

 1884 
 FRANCIS MALLMANN 



Requinte em cozinha regional gourmet


Ha 18 anos Mallmann, um dos chefes mas prestigiosos, referente mundial da culinária argentina e o Nicolás Catena Zapata (o sobrenome soa familiar?... é mesmo o dono da vinícola Catena Zapata. um visionário e uma das pessoas mais influentes da industria) acharam que alguns salões da charmosa vinícola Esorihuela  e seu jardim teriam o potencial para desenvolver um dos seus restaurantes.
Dezoito anos depois o suntuosidade sem exageros, a elegância do salão principal  e esse jardim de sonho já valem a visita a este restaurante onde o fogo é sempre o protagonista.

O restaurante se baseia na cozinha regional, carro chefe de Mallmann desde sempre, e a apropriada utilização dos fogos e aí onde aparece o diferencial maior...alem do ar aristocrático que se respira.

Na nossa visita, em turma de seis, nem todos os pratos brilharam, mas alguns pratos quase luxuriosos fizeram esquecer pequenas derrapadas. 
Desta vez, pelo caso de ir em grupo, não todas as fotos são minhas, pois a dinâmica de grupo nas vezes impede fotografar a vontade e os tempos são outros.

O restaurante tem preços salgados para os padrões argentinos, entradas nos 30 reais e principais na faixa dos 60/70 reais, pelo que mesmo impressionados pela elegância do restaurante, era hora de provar a comida e saber se estava a altura dos valores pedidos:  as expectativas, obviamente, eram grandes.

O bom de ir em turma é que você tem uma amostra bem mais completa do que a cozinha pode produzir, não limitando o observação geral a três ou quatro pratos da refeição que um casal normalmente degustaria.

Dividimos três entradas, mas nenhuma provocou suspiros: só a correta e saborosa salada de camarões atingiu o nível esperado.







Infelizmente a pizza de cheddar deixou a desejar e muito: o cheddar carecia do seu sabor marcante e intenso, a massa, como se aprecia na foto, branca demais, como se tivessem faltado alguns minutos a mais no forno.O molho de tomate só como base, escasso, desabrido, sem destaque nem representatividade.
Deu para comer, o que num restaurante deste nível deveria ser tomado em conta como um insulto.
A foto já é um documento em si própria. 




Já nos principais aquela inicial sensação de desilusão se perdeu por completo, pois todos os pratos pedidos deixaram a sua marca

O cordeiro e o lomo  já geraram os primeiros gemidos, mas aí apareceram as duas grandes estrelas da noite:
O olho de bife e o polvo.
Não foram as minhas pedidas, mas garfei quase a metade de cada prato para poder afirmar que estão entre os melhores pratos que eu já comi alguma vez.


O olho de bife era uma obra de arte, fazia muito tempo que eu não comia um corte tão macio, tenro, suculento, saboroso e  no ponto de cozimento pedido. Todas as grandes caraterísticas deste corte estavam realçadas pelo excelente fogo do churrasqueiro; orgásmico!
Se fosse socialmente aceito, tivesse subido na cadeira e aplaudido em pê. Se passaram duas semanas daquele bife e ainda faz água na minha boca. 





O polvo foi sublime: carnudo como poucos, saboroso a cada garfada, macio por dentro, elegantemente especiado e crocante por fora. prato de dificílima execução em qualquer cozinha  mas aqui atingiu a brilhantez.
O único detalhe negativo é que eu vi fotos desse prato antes de reservar e a porção era mais generosa, mais o sabor ficou gravada na minha memoria gustativa.


Só fomos na sobremesa "adictos ao chocolate" (ou era chocolate para fanáticos o nome, sei la ...a foto saiu tremida) para dar umas colheradas entre todos e o nível da matéria prima era alto, as texturas aprovadíssimas e os sabores marcantes.


Foi a primeira vez que jantei num restuarante de Francis Mallmann, um cara que é uma lenda viva gastronomicamente falando e que sempre tive e tem restaurantes costosissimos, exclusivos, bem longe do meu orçamento.
As grandes expetativas criadas foram ampliamente satisfeitas...aqui os muitos pontos altos e alguns baixos adicionais aos comentados que enxergamos na "experiencia Mallmann"

Pontos altíssimos:
  • O serviço em geral, tem muitos atendentes, solícitos, atentos aos mínimos detalhes.todos simpaticos  sem exageros, sem serem invasivos.
  • Carta de vinhos75 paginas a componem, talvez a carta mais extensa que eu já vi num restaurante, pelo que o leque de opções é gigantesco
  • Serviço das águas: quem quer paga uma taxa fixa de 32 pesos (seis reais) e a água mineral é providenciada a cada instante que o copo estiver meio vazio
  •  Sommelier: a Daniela Fernández esta no comando: Dana, fofa, manja e muito de vinhos, pelo que é bom consulta la se tiver duvidas... eu escolhi sozinho.
  • Ambientação do lugar, elegantemente decorado, pisos de mármore, lustres de estilo, super charmoso.

Pontos altos: 
  • Serviço de pão, que acho que não é taxado, chega quente na mesa
  • O ar de exclusividade que se respira...no fundo você esta pagando por isso tambêm.

Pontos baixos
  • O preços dos vinhos da excelente carta: exageradíssimos!...   Uma carta de 75 paginas é uma decisão do estabelecimento, não faz sentido carregar na conta do cliente a estiba deles ou a cava especialmente preparada. Resulta menos entendível ainda quando o restaurante esta localizado na maior província vitivinicola da Argentina, pelo que se elimina o transporte e todos os intermediários... Dobrar e em muitos casos ate triplicar o valor duma casa de vinhos  me incomoda profundamente, pois limitou a minha escolha na mesa.
O valor do que operativamente custa manter um estabelecimento desse charme deveria estar nos pratos, não nos vinhos. Nem os próprios vinhos do Escorihuela ou de Bodegas Caro , que também se produzem aí estavam em conta, uma pena.
  • A mulher da segurança, um pouco grossa com os motoristas que nos levaram.

Conclusões finais: 1884 é uma experiencia culinária para não perder se você passar por Mendoza. Ambiente diferenciado e fogos especiais que garantem um toque a mais nos pratos. 

Se o seu orçamento for apertado, é só ficar esperto na hora da escolha do vinho e saber dividir os pratos, pois alguns da pra dividir. nos em seis pedindo três entradas, 4 principais, uma sobremesa para garfar entre todos, seis cafe e duas garrafas de vinho, um branco e um tinto estrategicamente pedidos para não engrossar muito a conta, deu 950 pesos por casal, uns 80 reais por pessoa... compare com São Paulo e é para chorar mesmo.

1884 Francis Mallmann 
Belgrano 1188 - Dentro da Vinícola Escorihuela
Godoy Cruz - Mendoza

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