TRAPICHE
O GIGANTE ATACA EM TODAS AS FRENTES
Trapiche é umas das vinícolas mais antigas, com mais de 130 anos no mercado e pioneira em muitas áreas, como a importação de barricas francesas ou o uso do inox, que mudaram a historia e que contribuíram para que o vinho argentino tenha o reconhecimento mundial, o prestigio que ele tem hoje.
Seus começos se remontam a quando foi construída a estrada de ferro, ligando a Mendoza com Buenos Aires por trem e ela é hoje uma, se não a maior, exportadora de vinhos de alta gama da Argentina.
Dado surpreendente pois durante uns quantos anos associei erradamente a Trapiche só com vinhos de todos os dias, me fazendo uma falsa imagem de vinícola gigante só apostando ao volume...com o tempo fui descobrindo os Fond de Cave, os Gran Medalla, e principalmente os Terroir Series e os Iscay que mudaram completamente a minha forma de enxergar a vinícola.
Claro que eles fazem aquele vinho de todos os dias também, que aponta a outro segmento de publico, mas é um erro pensar que os vinhos de alta gama só se encontram nas vinícolas boutique, aquelas que só fazem vinhos premium...a Trapiche conta com um arsenal de bom, grandes vinhos e vinhaços para cativar também a aquele segmento de consumidores de vinhos de alta gama.
O prédio histórico, do começos do seculo XX foi restaurado e reciclado para atender aos visitantes, já vale a visita em si própria para admirar a sua arquitetura; a vinícola foi construída ao lado da estação de trem Coquimbito, e da pra ver os ferros da velha línea.
A visita vale e muito a pena para entender a historia de vitivinicultura em Argentina, pois conta com um museu de maquinas que antigamente se usavam para receber o vinho e prensar as uvas.
A CATA
Apos da visita técnica, tinhamos uma cata agendada graças a gentileza dum dos pesos pessados da industria, o grande Daniel Pi.
Ele é o Diretor de Viticultura e Enologia da Trapiche, mas é um cara super accessível, super low profile, mas de imensos conhecimentos que adora compartilhar... não perdemos então a oportunidade de bater um bom papo com ele para extrair algumas gotas da sua expertise no mundo dos vinhos.A cata foi bem extensa e até pedimos ao Daniel no final não abrir todas as garrafas, mas começamos pelo belo Fond de Cave Sauvignon Blanc 2013: na faixa dos 100 pesos (20 reais) é um bom exemplar, para concorrer com os chilenos que a gente bebe por aqui.
Acidez bem equilibrada, facil de beber, bem frutado. RPQ B+ na Argentina.
Os Fond de Cave são vendidos aqui no Brasil com outro nome: Broquel, mas este Suavignon blanc e a linha Gran Reserva não são importados pela Interfood...ao menos eles no aparecem no seu site de vendas.
Fond de Cave Gran Reserva 2011 Malbec (220 pesos/45 reais)
Esta linha passa uns 18 messes barricado...no caso do malbec solta aromas de frutos vermelhos, algum toque foral e herbáceo; entra suculento em boca, onde se expressa melhor...intenso, concentrado, boa integração da madeira, final convidativo.
Fond de Cave Gran Reserva 2011 Cabernet Sauvignon (220 pesos/45 reais)
Me impressionou melhor do que o malbec. nariz mais brincalhona e curiosa.
Em boca deixa melhor lembrança é equilibrado, harmonioso; taninos presentes. Vinho com potencial de guarda.
Fond de Cave Gran Reserva Blend 2011: : corte de Malbec predominante (60%), Cabernet Sauvignon (20%), Cabernet Franc (12%) y Tannat 8%, com uvas de diferentes fincas e de terroirs bem diferenciados.
O produto final é um vinho de grande personalidade, elegante, robusto, com alta capacidade de envelhecimento.
Vinho sedutor que preciso comprar para analisa~lo a garrafa inteira.
Continuamos com a linha Gran Medalla
Trapiche Gran Medalla Chardonnay 2013
Outro dos que surpreendeu gratamente. Chardo de altura, de uvas do Valle de Uco.
Aromático e convidativo em nariz, bem frutado, bem mineral, meloso.
Em boca entrega o que promete: boa acidez, equilibrada, final persistente e guloso, com versatilidade para harmonizar com muitas opções de peixes e massas.
Trapiche Gran Medalla Cabernet Sauvignon 2011
Mesmo sendo um monovarietal, é um blend de uvas cabernet sauvignon de diferentes vinhedos, de terroirs bem diferencaidos: da altura de Valle de Uco á Cruz de Piedra em Maipú.
18 messes barricado em carvalho de primeiro uso dão uma boa estrutura a este grande vinho.
Os aromas não se abriram tão rápido, pelo que em boca entregou muito mais do que a nariz prometia.
Mesmo com taninos que ficarão mais doceis com o tempo, mostra já uma entrada suculenta e intensa.
Vinho que passa elegante pelo palato e com final de boca persistente.
Passamos por alto o Malbec de Gran Medalla para ir num dos Single Vineyard que Daniel tinha trazido.
Desde o 2005, a vinícola decide dar a chance a pequenos agricultores com pequenas fincas para que alem de continuar comprando as suas uvas, possam ao mesmo tempo aparecer no rótulo como produtores; o agricultor geralmente deve vender as suas uvas e não produz vinho com elas. Os single vineyards são em definitiva uma justa homenagem a eles, lês outorgando visibilidade.
São só três escolhidos por o Pi por safra, pelo que a competencia e os padrões de qualidade são altíssimos.
Nos experimentamos só um, o Trapiche Terroir Series Orellana de Escobar Malbec 2010: amor ao primeiro gole!
Da finca localizada em La Consulta, no Valle de Uco, e dum vinhedo de mais de 60 anos, este malbec é cativante assim que se coloca o nariz na taça; bem mineral, intenso, especiado e com explosão de aromas frutais: quase que a família dos berries completa, figo...vinho perfumadíssimo!
Em boca este malbec enamora: é concentrado sem perder a elegância, aveludado, suculento, doce com a fruta envolvendo ao palato, com uma madeira perfeitamente integrada, mas é muito mais do que isso, é se ter a fantástica sensação de estar bebendo algo especial...outro vinho a comprar para desfrutar cada gole da garrafa.
Final cumprido, intenso, persistente...fiquei apaixonado por ele!
Aqui a importadora o vende em caros R$215.
Quando achava que o melhor já tinha passado, aí o Daniel apresentou seu Imperfecto e o Iscay Syrah- viognier.
Imperfecto é um dois memoráveis vinhos de garage que o próprio Daniel produz com uvas de altura, do Gualtallary.
Outro Malbec fantástico, com pequeno aporte do 3% de Cabernet Franc , 24 messes barricado mas com aporte suave, harmônico da madeira.
Vinho provocador, de grande personalidade, que precisa ser domado.Boa estrutura e acidez, concentrado e mineral... mesmo para beber já, eu o compraria e guardaria 3 anos, para deixa lo evoluir em garrafa e mostrar todo seu maravilhoso potencial e soltar a sua elegância que aparece timidamente no primeiro gole.
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Iscay Syrah - Viognier 2011: o grande finale!
É um blend premium da vinícola para o qual o Daniel convidou um enólogo californiano experto em Syrah para produzi~lo..
97% Syrah e 3% (Daniel gosta muito do numero três) Viognier para este vinho surpreendente.Uma nariz provocadora, mas delicada, fruta vermelha e preta, algo floral,
No palato entra fresco, potente, de bom corpo, suculento e com um final de boca envolvente, viciante.
Vinho complexo que merece ser bebido a garrafa inteira, para ver a sua evolução em cada taça.
Quem gosta do syrah não pode perder esta beleza.
Interfood vende ele a R$287.
Foi tão interessante o bate papo com o Daniel que esqueci de comprar esta excelente trilogia... estou me xingando até hoje.
Conclusões finais: Trapiche continua sendo um gigante no mundo dos vinhos, produzindo vinhos a longa escala, mas também, principalmente desde a chegada do Daniel em 2002, está focado a produzir vinhos premium: diferentes, elegantes.sedutores.
A visita a Trapiche para quem visita Mendoza é imperdível, historia pura duma vinícola centenária.
Nos vinhos, não deixo de rememorar as luxuriosas sensações que os últimos três me produziram.
Em evolução constante, a Trapiche aponta a outras regiões na Argentina; procurando a influencia do Atlântico, escolheu o terroir de Chapadmalal, uma localidade a 20km de Mar del Plata, como ponta de lanza para produzir brancos premium nas castas sauvignon blanc, chardo, riesling e gewurztraminer e tinto com o pinot noir...vinhos de baixa graduação alcoólica e delicados.
Estaremos a espreita para ver o que estes gigantes (Trapiche e Daniel) podem produzir fora de Mendoza, a sua zona de conforto.
Obrigado Daniel, obrigado Trapiche, pela inesquecível tarde vivida.
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