sexta-feira, 17 de abril de 2015

DEGUSTAÇÃO GRAND CRU BUENOS AIRES

Interessantíssima proposta



Grand Cru Buenos Aires (os donos da Grand Cru daqui são argentinos), começou agora em Abril uma serie de degustações, premium, para se agendar se passar pela capital do tango.
Eu fui convidado para a apresentação e a estreia junto a outros blogueiros e pessoal da industria, no aconchegante salão que o estabelecimento possui no elegante bairro da Recoleta.

Nesta oportunidade foram catados dos pinot noir, um francês e um argentino, alem dum malbec e um blend, todos de venda na casa logicamente.

Não é para qualquer bolso, o custo será de 600 pesos (uns 150 reais), mas os vinhos que são abertos são vinhos na faixa dos 80/100 reais lá.



Da mão do sommelier francês do estabelecimento Guilhem Millat, que em 6 messes conseguiu aprender o espanhol mais do que eu a língua dele na minha vida toda,  a cata flui naturalmente; o cara é simples, novo, dinâmico e sem aquela pompa francesa toda.
Não é uma cata técnica só para entendidos, a ideia da casa é de providenciar (a quem pode pagar claro) uma experiencia bacana, informal, num salão charmoso super aconchegante a todo amante do vinho, independentemente do conhecimento já adquirido



A primeira parte da cata foi decididamente a mais interessante, pois se compararam dois pinot noir de diferentes países, que em seus próprios países estão numa faixa de preços similar.

Os pinot em questão eram:

Bourgogne La Vignée 2011, de Bouchard Pere & Fils, um vinho que a Grand Cru importa aqui no Brasil na faixa dos R$120 e que passa só 6 messes barricado, é um pinot elegante, delicado, que esta para ser bebido agora, pois não é um vinho de guarda.
Dum rubi brilhante, oferece uma nariz plena de morangos e algo de cereja junto com toques florais...em boca passa fácil. é amável, dócil, brincalhão; final persistente com estilo.

O Pulenta Gran Pinot Noir 2011 presenta a outra cara do pinot, aquele que se faz em Mendoza, com um solo de outras caraterísticas.
Mais estruturado, mais opaco, mais robusto, mais complexo, mais intenso... com um tempo maior em barricas francesas (10 messes) entrega uma nariz fraca logo de cara, frutos vermelhos aparecem timidamente; em boca mesmo suave, é potente para o que se espera dum pinot.
Tem mais força e menos elegância do que La Vignée...taninos redondinhos
com um amargor no final de boca...Mendoza é um terroir complicado para a elaboração do pinot, mas é um pinot de respeito, que perdeu na minha apreciação contra o do Pere & Fils

O Dona Paula Seleccion de Bodega 2010 é um velho conhecido meu, só que existe um antes e o depois de David Bonomi, o enólogo que nasceu na vinícola Norton (e que agora voltou a seu primeiro amor) e que fez os Dona Paula  Seleccion das safras até 2009.
A ideia do enólogo é que a madeira não prevaleça por acima da fruta, mostrando uma tendencia crescente na nova geração de winemakers argentinos, a nova cara do malbec,  o malbec do seculo XXI: madeira menos invasiva e expondo a fruta em primeiro lugar.
 Este blend de malbecs de diferentes regiões (Altamira, Gualtallary e Ugarteche) se mostra sedutor em nariz com fruta preta caraterisitca e solta fruta luxuriosa em boca,bem concentradinho, especiado... final persistente, vinho gostoso a cada gole.

Zorzal Field Blend 2011: Curiosamente tinha bebido ao meio-dia o Zorzal Terroir Único, acompanhando uma massa com molho de tomate, e tinha me apaixonado por esse malbec pura fruta, quase que explodindo na boca.
No caso deste blend de Cabernet e Malbec, quase que 50 e 50,  as duas uvas são fermentadas juntas, e passam mais dum ano e meio barricadas em francesas e americanas de segundo uso.
O resultado não satisfiz as minhas altíssimas expetativas criadas, mas vale sublinear algumas ressalvas:
Um vinho deste naipe geralmente demora em se abrir, precisa respirar e se expressar, pelo que pode não ter mostrado o seu melhor na primeira taça.
Se ergue elegante, com uma nariz convidativa de pimentão vermelho e fruta preta, em boca infelizmente não explodiu como eu esperava, mas comprarei ele para bebe lo em casa gole a gole a dar uma opinião definitiva.

Continuo convencido que a melhor cata é aquela que se faz em casa para vinhos deste potencial, bebendo a garrafa inteira, melhor até em dois dias diferentes, para sentir e apreciar a evolução em cada taça.

Boa opção para turistas também , para serem guiados e desfrutando de diferentes exponentes de diferentes terroirs argentinos.



Grand Cru Buenos Aires
Rodriguez Pena 1886
Buenos Aires - Argentina




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