CRISE DE IDENTIDADE
Custa descifrar o que Pecorino se propõe no mundo gastronômico
Não é a tipica cantina italiana familiar onde a porção é farta e serve 3 ou 4 pessoas e também não é o ristorantino de bairro, aquele que é geralmente escolhido pela proximidade, porque te tira dum apuro, ou mata uma preguiça de cozinhar.
Quem os escolhe sabe que não pode pretender alta cozinha, texturas e sabores em cada garfada...se prioriza a abundancia,o bolso em definitiva.
Pecorino não pertence a aquele segmento, mas esta e bem longe de ser um ristorante italiano onde vivenciar uma experiencia culinária.
Acaba flutuando no meio,sem te dar uma verdadeira razão para voltar, com uma cozinha correta, mas sem emoção, onde a criatividade se encontra mais no menu que no prato. Um menu bem descritivo, que desperta curiosidade, que cria expetativas mas que não se cumprem assim que os pratos chegam a mesa
Não fotografei o salão, com um setor aconchegante no fundo ( onde arbitrariamente não fomos colocados nem perguntados), um meio salão/corredor onde esta o mostrador (aquele tipico de antigas mercearias, em inox e a luz branca que tira qualquer magica ao lugar) e o salão envidraçado da entrada, com luzes penduradas tipo Bixiga, onde também esta a porta de saída da cozinha, com ajudantes que entram e saem para enviar um torpedo o fumar um cigarro...a primeira impressão não foi a melhor.
Para completar essa sensação inicial o maitre não deixa você se sentar sequer que já te pergunta se quer olhar a carta de vinhos.
Reconheço que ultimamente estou exigente demais, mas um jantar é uma experiencia, que tem seus tempos, seus momentos, e o preço do Pecorino não é do primeiro segmento comentado no inicio da matéria.
Falando de comida propriamente, o couvert (9,50 cada) foi colocado na mesa sem sermos consultados, bom pão italiano quentinho e fraco acompanhamento: uma caponata escasa e fraca, um pate de sardela rustico ainda, como se precisasse dum ingrediente mais untuoso ainda para virar pate e um pate de queijo facilmente esquecível
Não fotografei uma burrata (38 reais!), acompanhada com um pesto e 5 tomatinhos cereja cortados ao meio..nesse valor cabiam uma boa rúcula puxada no azeite extravirgem e uma fatia generosa de presunto crú, que tivessem dado color e sabor ao prato, misturando a moleza da burrata com a textura do presunto.
Esta aqui é a burrata do 68 La Pizzaria...só pra comparar (a materia completa sobre 68 aqui: http://enogastrogringo.blogspot.com.br/2013/11/68-la-pizzeria.html )
Nos principais, eramos três, eu fui no risoto com ragu de ossobuco (45reais), salgado demais, mas o imaginava com todo o ragu no meio do prato, dando um destaque visual.
O maitre ofereceu trocar o prato, é verdade, mas preferi ficar com ele do que esperar os tempos dum novo.
Meu irmão acertou em cheio com este delicioso risoto al mare (R$54), boa apresentação, boa textura, boa quantidade de frutos do mar, saboroso, foi a grande pedida da noite
A pior, de longe, foi o penne "alla diavola" (criativo o nome nê?) que ilustra o inicio da matéria (R$41).
Desperta vontades quando você o lê do cardápio, ao molho de tomates com liguiça calabresa, berinjela e queijo pecorino.
O resultado foi fraquíssimo, com esses ingredientes que davam água na boca se criou um prato sem amor na preparação, sem sabor, sem nada...foi a pedida da minha esposa se baseando na minha sugestão...ate hoje ela esta me cobrando por isso.
Um tiramisu (R$13)sem magica completou uma noite sem graça.
São Paulo possui uma ampla e variada gastronomia, oferece um farto leque de opções na hora de escolher onde "investir" 100 contos por cabeça (o preço que tivéssemos pago sem o desconto Grubster) para ter uma experiencia gastronômica...Pecorino precisa não só melhorar muito para pertencer a esse leque, mas também se definir, saber o que quer representar para o consumidor.
Do jeito que se apresenta agora não da para sugeri lo como opção, infelizmente.
Pecorino Bar e Trattoria
Joaquim Eugênio de Lima 1706, Jardins
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